Título: Produção de aço desacelera no Brasil e no exterior
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 21/07/2005, Empresas &, p. B9

A produção mundial de aço cresceu 7,6% no primeiro semestre do ano ante mesmo período de 2004, mas excluídos os números da China, o aumento da atividade siderúrgica no período foi pífio, de apenas 0,6%, sinalizando um início de um processo de esfriamento. Em relação a junho, a expansão foi de 5,2%, liderada pelas usinas chinesas, que avançaram 33% na comparação com junho de 2004. No Brasil, a produção apresentou queda de 1,2% no período ante o primeiro semestre de 2004. Em junho, a redução foi de 9,1% ante o mesmo mês do ano passado. Os números foram levantados pelo International Iron and Steel Institute (IISI). Luiz Caetano, chefe da área de análise da Brascan Corretora, observa que na comparação com maio já se nota uma desaceleração na produção mundial de aço. Caetano ponderou que, em termos de média diária, já que maio tem mais dias que junho, é possível concluir que ocorreu uma redução de 2,2% na produção mundial de junho. Mas, segundo o analista da Brascan Corretora, os grandes destaques no ranking da queda de produção em junho ficaram com a Comunidade de Estados Independentes (CEI) que sofreu um declínio de 12,4% e com a América do Sul, que apresentou retração de 4,6%. O Brasil colaborou com uma redução de 5,8% na região. Caetano observa que apesar do cenário tendendo ao desaquecimento, a China continua a expandir sua siderurgia. "Isto preserva os números mundiais, ainda em expansão". O "efeito China" somado aos altos níveis de estoques de aço têm pressionado os preços para baixo no mercado internacional. Em muitos casos, a redução dos preços vai conter a produção, pois muitas siderúrgicas estão com preços inferiores a seus custos, já que os preços dos insumos - minério de ferro e carvão - subiram muito este ano, destaca o analista da Brascan Corretora. Ele calcula que se no Brasil, onde os custos de produção são mais baixos, uma tonelada de placa sai a US$ 250, muitas usinas no mundo devem estar tendo prejuízos com as cotações de placas entre US$ 350 a US$ 400. No Brasil, porém, a queda dos preços lá fora somado a valorização do real acabou elevando os preços domésticos do aço, em média 20% maiores que os do mercado externo. As siderúrgicas locais estão concedendo descontos para atravessar este quadro difícil. Mas, o analista constata que elas têm ainda muita "gordura" nos seus balanços que continuam apresentando uma lucratividade acima da média histórica.