Título: Lucros dos bancos devem subir até 85% no trimestre
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 21/07/2005, Finanças, p. C3

Balanços Cenário de juros elevados e crédito em alta puxam ganhos

A combinação de juros nas alturas e crescimento do crédito que marcou o segundo trimestre promete provocar aumentos de até 85% nos lucros dos quatro maiores bancos brasileiros, segundo os analistas do banco suíço UBS e da corretora americana Merrill Lynch. Os balanços começam a ser divulgados no início de agosto. A expectativa é que o Itaú venha com o maior lucro do segundo trimestre, nada menos que R$ 1,4 bilhão, ou 48% acima do mesmo período do ano passado, pelas contas do UBS. Já o Bradesco deve registrar a maior variação do resultado. A Merrill Lynch espera ganho de R$ 1,190 bilhão para o banco, um aumento de 85% em relação ao segundo trimestre de 2004. "Foi o cenário perfeito para os bancos", destaca o analista Paul Tucker, da Merrill Lynch em um relatório sobre bancos latino-americanos divulgado ontem. Segundo o analista, soma-se aos juros altos e a forte demanda por crédito um período onde não houve problemas na qualidade dos ativos dos bancos. O resultado será visto nos balanços, com os lucros bilionários. O Itaú será o primeiro grande banco a soltar seus números, dia 2 de agosto. O UBS espera alta de 25% nas operações de crédito (em comparação com o mesmo período do ano passado) e 4% acima do primeiro trimestre do ano. Em relação aos três primeiros meses de 2005, o lucro deve subir 23,5%. A rentabilidade patrimonial do banco deve ficar em 37,3% (a maior entre os quatro bancos). Para 2004, o Itaú deve ter rentabilidade de 34%. O Bradesco solta seus números dia 8 de agosto. O UBS espera rentabilidade patrimonial de 28% no segundo trimestre e alta de 18% no crédito (comparando ao mesmo período de 2004) e de 5% (quando comparado com o primeiro trimestre). O relatório do UBS destaca que o banco vem conseguindo manter seu ritmo de empréstimos, depois dos acordos com vários bancos pequenos e médios para o crédito consignado. Para o segundo semestre, o UBS espera maior contribuição nos resultados do acordo operacional do Bradesco com as Casas Bahia. "Parece não haver fatores ameaçando os ganhos do banco no curto prazo", afirma o relatório do UBS. Para o Unibanco, o UBS e a Merrill Lynch destacam que os números devem mostrar uma melhora da rentabilidade, como resultado da reestruturação do banco. O Unibanco deve ter rentabilidade patrimonial de 20,5% no período (e de 20,2% em 2005), segundo o UBS. Segundo a Merrill Lynch, o Unibanco é o que tem as ações mais baratas entre todos os bancos que a corretora acompanha na América Latina. Se o balanço vier bom como o previsto, Paul Tucker prevê ações em alta. O banco dos Moreira Salles é o único com a recomendação de "compra" pela Merrill. O Unibanco divulga seu resultado em 11 de agosto. Já o Banco do Brasil (que foi analisado apenas pelo UBS), deve ter "forte aumento nos empréstimos para o crédito ao consumo", puxado pelo crescimento do crédito consignado. O lucro do BB deve crescer apenas 2,5% no segundo trimestre (em relação ao mesmo período de 2004) e rentabilidade bater em 24%. Segundo o relatório do UBS, os recentes problemas enfrentados pelo setor agrícola devem influenciar os números do BB, pois parte das amortizações dos créditos "potencialmente problemáticos" está concentrada nos meses de junho e julho, o que pode provocar aumentos nas provisões além do que foi projetado. O BB mostra seus números ao mercado dia 15 de agosto.