Título: EUA dizem que mudança é só um "primeiro passo"
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 22/07/2005, Internacional, p. A9

O governo americano recebeu de forma positiva a reforma cambial anunciada ontem pela China, e disse esperar por nova flexibilização da moeda no futuro. O secretário do Tesouro do país, John Snow, afirmou que o novo regime irá permitir que o valor do yuan seja cada vez mais determinado pelas forças do mercado. "Estamos satisfeitos com essa decisão. É um sinal positivo para a China e para a economia global", disse ele. "Minha primeira reação foi dizer 'finalmente'... é um passo na direção certa e, embora a valorização tenha sido menor do que esperava, ela dará algum alívio para os EUA e mostra que a China está levando as nossas preocupações a sério", disse Kristin Forbes, ex-membro do conselho de assessores econômicos de Bush e professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology). Para o senador democrata Charles Schumer, maior defensor das retaliações à China no Congresso americano, Pequim terá de anunciar novas medidas nos próximos meses. "Este é apenas um 'passinho'", disse ele. O presidente George W. Bush não fez comentários sobre o assunto, mas o porta-voz da Casa Branca Scott McClellan, disse que o governo estava "encorajado com o anúncio da China". A mudança é vista em alguns setores em Washington como uma vitória pessoal de Snow, que nos últimos dois anos foi criticado pelo Congresso por não pressionar Pequim o suficiente. Snow dizia que pressão em excesso tornaria difícil para os simpatizantes da mudança cambial vencer grupos contrários dentro do governo. No mês passado, Snow e o presidente do Fed (BC), Alan Greenspan, convenceram os senados americanos a adiar a votação de uma lei que estabeleceria tarifas de 27,5% sobre as importações chinesas, uma retaliação ao yuan desvalorizado artificialmente. Snow alegou, na época, que a mudança cambial na China era iminente. "Vejo a medida como o primeiro passo para uma série de ajustes [que a China deverá fazer], já que cresce a sua participação nos mercados mundiais", disse Greenspan.