Título: Claro mantém o pé no acelerador
Autor: Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 22/07/2005, Empresas &, p. B6

Apesar do estrago que a competição acirrada tem feito na rentabilidade da empresa, a Claro nem pensa em tirar o pé do acelerador neste momento. "Sabemos que isso afeta o resultado da empresa", diz o presidente da operadora, o mexicano Luis Cosío, de forma pausada e num português quase impecável. "Não vamos ser os primeiros a reduzir preços, mas não podemos permitir que a concorrência fique à frente." O executivo, que assumiu a empresa há um ano, deu ontem sua primeira entrevista à imprensa. Em março, a Claro perdeu para a italiana TIM a segunda posição, em número de clientes, no mercado brasileiro. A líder é a Vivo. Controlada pelo grupo mexicano América Móviles - do empresário Carlos Slim Helú -, a Claro encerrou o mês passado com uma fatia de 21,46% do mercado nacional, ou 16,2 milhões de assinantes. A TIM ficou um pouco à frente, com 22,2%, segundo levantamento do site especializado Teleco. Cosío afirma que a ultrapassagem do rival italiano é apenas "circunstancial". A TIM está presente em todos os Estados brasileiros e a Claro, não. Segundo ele, a chegada da operadora a Minas Gerais poderá reverter o quadro. A Claro está investindo R$ 400 milhões para instalar sua rede em Minas, com uma licença adquirida da Anatel. A empresa, no entanto, é apontada como candidata à compra da Telemig Celular. O executivo não comenta o assunto. Para minimizar o impacto da competição acirrada nos resultados da operadora, Cosío afirma que a saída é reduzir custos. "Você tem que ganhar nas negociações", afirma ele, sem dar muitos detalhes - no mesmo estilo discreto de Slim Helú (empresário que também controla a Embratel). No início do mês passado, a América Móvil reduziu de 10% para zero sua projeção de margem operacional (antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) para o Brasil neste ano. A revisão na estimativa foi feita depois das promoções agressivas conduzidas pelas operadoras para o Dia das Mães, quando todas aumentaram os subsídios às vendas de aparelhos e lançaram uma série de promoções para atrair mais clientes. A América Móvil deve apresentar na próxima semana o balanço do segundo trimestre, incluindo o resultado da Claro. Cosío também afirma que a operadora não tem interesse em participar da licitação de licenças de exploração de serviços de terceira geração (3G), que a Anatel pretende realizar até o final deste ano. "Não tem muito sentido em se falar em 3G", diz. "O mercado tem de ficar mais maduro." A licitação de 3G dividiu em dois blocos as operadoras brasileiras. De um lado está a Vivo, que defende o leilão, tendo como principal objetivo estender sua operação para os Estados onde ainda não atua. De outro, estão as empresas que usam a tecnologia GSM, como a Claro e a Oi (grupo Telemar) tem se posicionado contra o investimento em terceira geração agora. O presidente da Claro afirma que os clientes de renda mais elevada já foram em grande parte conquistados pelas operadoras. "O grande potencial de mercado está nas classes C e D." Apesar disso, a operadora tem investido em serviços para os assinantes de maior poder aquisitivo e para o mercado corporativo. A Claro lança em agosto o serviço de WiFi, que permite o acesso à internet em alta velocidade. (TM)