Título: BrT registra ritmo menor nas vendas de celulares
Autor: Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 22/07/2005, Empresas &, p. B6

Telefonia Operadora diz que o foco foram os clientes pós-pagos

A Brasil Telecom (BrT) reduziu o ritmo de expansão de sua base de clientes de telefonia móvel no segundo trimestre, apesar do crescimento explosivo do mercado no período. A freada aconteceu em meio ao anúncio de um acordo para unir o negócio de celulares da operadora com a TIM. De abril a junho, a BrT conquistou 341,5 mil assinantes de celular, elevando o total para 1,345 milhão. Nos três meses imediatamente anteriores, que sazonalmente são os mais fracos do ano, a operadora adicionou 381,4 mil clientes. A base de assinantes cresceu 34% no segundo trimestre e havia aumentado 61% nos primeiros três meses do ano. Na mesma comparação, o mercado brasileiro cresceu 10% e 4,6%, respectivamente, segundo a Anatel. O ritmo da Brasil Telecom GSM é muito maior porque ela foi lançada em setembro do ano passado, mas os números mostram uma desaceleração da empresa em relação ao total. Alguma relação entre o crescimento menor nos últimos meses e a disputa societária envolvendo a companhia? Não, respondeu ontem a presidente da BrT, Carla Cico, durante teleconferência com analistas para comentar o balanço do segundo trimestre. "Não tem nada a ver com a fusão com a TIM. O motivo é que focamos mais nos clientes pós-pagos", justificou. No dia 28 de abril, a Telecom Italia firmou acordo para comprar as ações do Opportunity na BrT e encerrar disputas judiciais por 341 milhões de euros. Paralelamente, a BrT e a TIM anunciaram a fusão de suas áreas de celular. Os negócios, entretanto, estão suspensos pela Justiça. O Citigroup e os fundos de pensão tentam afastar o Opportunity do controle da empresa e assumir o comando da operadora. Questionada sobre o assunto, Carla não deu mais detalhes da transação com os italianos na área de celulares. "Não é o momento para falar sobre essa fusão. É inadequado", disse. Segundo a executiva, nada mudou no projeto de telefonia móvel da BrT depois disso. O presidente da Brasil Telecom GSM, Ricardo Sacramento, afirmou que a desaceleração é uma "clara mensagem" ao mercado. "Esse nível de subsídios (à venda de aparelhos) é insustentável no longo prazo", ressaltou. A competição no setor acentuou-se no segundo trimestre com as vendas. Todas baixaram preços, o que deve ter impacto na rentabilidade. O balanço da BrT, divulgado na quarta-feira, já mostrou isso. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações caiu para R$ 827,6 milhões entre abril e junho, ante R$ 921,9 milhões no mesmo período de 2004. Carla disse que o negócio de telefonia móvel levará de 18 meses a 20 meses, contados do lançamento, para atingir o equilíbrio entre receitas e despesas operacionais. Embora a executiva tenha procurado frisar que a empresa está alheia à disputa entre seus controladores, analistas têm questionado até onde é possível manter as coisas separadas. Uma preocupação apontada por eles recaía sobre os investimentos que a operadora terá de fazer para cumprir as metas de universalização neste ano. A BrT ainda não havia divulgado o valor nem o nome dos fornecedores. A empresa só mencionou o assunto anteontem, quando enviou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a ata de uma reunião do conselho de administração realizada em abril. Nela, estima em R$ 500 milhões o gasto, mas pondera que a cifra poderá mudar dependendo de negociações que estariam em curso com a Anatel. Ontem, na teleconferência, Carla sugeriu que as conversas com a agência poderiam resultar na não implementação de alguns itens. Procurada pelo Valor, a assessoria de imprensa da BrT disse que essas negociações estariam ocorrendo via Abrafix - a associação das concessionárias de telefonia fixa. No entanto, o presidente da Abrafix, José Fernandes Pauletti, disse que a entidade não está negociando uma revisão das metas com a Anatel. "As metas são claras e têm de ser cumpridas", afirmou. A operadora planeja investir cerca R$ 1,5 bilhão neste ano, sem incluir as metas. A BrT teve lucro líquido de R$ 69 milhões e receita de R$ 2,5 bilhões no segundo trimestre - resultado que ficou em linha com a expectativa de analistas.