Título: GM quer ampliar uso da base Celta
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 22/07/2005, Empresas &, p. B9
Veículos Plataforma criada no Brasil já é usada em países como Índia, China e África do Sul
A direção da General Motors começou a avaliar a possibilidade de ampliar o número de modelos de carros que podem ser produzidos sobre a plataforma do Celta. Segundo o presidente da GM no Brasil e Mercosul, Ray Young, trata-se da plataforma de mais baixo custo que a companhia tem em todo o mundo. A plataforma do Celta foi criada no Brasil há cinco anos, quando a companhia decidiu construir uma fábrica em Gravataí (RS) para ampliar a produção de carros simples. Hoje, a mesma plataforma é usada em outros países, como China, Índia, México e África do Sul. Nesses países são fabricados modelos distintos sobre a mesma base. Young calcula que o número de modelos sobre essa plataforma não passa hoje de 10 em todo o mundo. A idéia é ampliar, criar novas versões, aproveitando o baixo custo do equipamento, segundo explica o executivo. Toda a indústria automobilística trabalha hoje em projetos de modelos de veículos mais simples, voltados aos países emergentes, onde existe potencial de crescimento de vendas. Lançado em 2000, o Celta, uma criação totalmente brasileira, é o quarto automóvel mais vendido no Brasil, com volume acumulado de 52,9 mil unidades no primeiro semestre. O presidente da General Motors já tem previsão de produção e de vendas domésticas no Brasil no próximo ano. Nas suas contas, a indústria automobilística produzirá 2,4 milhões de veículos em 2006. Desse total, 1,7 milhão deverão ser vendidos no mercado interno. Para este ano, a indústria trabalha com expectativa de alcançar a produção recorde de 2,3 milhões - ou mais - e um mercado interno de 1,66 milhão. Young diz que lhe chama a atenção o nível de confiança do consumidor brasileiro, "mais alta do que em qualquer outra parte do mundo". Mesmo assim, o executivo demonstra preocupação com a alta dos juros, que levou à queda de vendas financiadas no primeiro semestre. O executivo conta, ainda, que se o dólar não subir nos próximos meses, a montadora terá de aumentar os preços dos carros vendidos no exterior, principalmente no México, um dos mercados mais importantes para a filial brasileira. "O Brasil abastece o México e a GM não pode alterar uma fonte de fornecimento de uma hora para outra", explica. Com a valorização do real, os preços dos veículos que a GM do Brasil vende na Argentina já subiram 16% neste ano. Young calcula que até dezembro, o reajuste alcançará 20%. O executivo diz que o Brasil pode sofrer a concorrência de países como a Coréia na disputa pelos mercados de exportação. A GM comanda as operações da Daewoo, uma montadora coreana. Segundo Young, a empresa tem, ainda, planos de investimento para expansão em países como a Índia. Existe nesse país uma fábrica de alta capacidade produtiva que, apesar de ter pertencido à Daewoo, está hoje sob o comando do governo indiano. Na China, a empresa está em plena fase de aplicação de um investimento de US$ 3 bilhões, que deverá ser concluído em dois anos. Com esses recursos, a maior montadora do mundo duplicará a capacidade anual de produção das suas fábricas chinesas para 1,3 milhão de veículos - volume quase igual a todo o mercado brasileiro.