Título: Dívida pública em títulos continua a crescer e já se aproxima de R$ 1 trilhão
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 22/07/2005, Finanças, p. C2

O estoque da Dívida Pública Mobiliária Federal interna aumentou 1,98% em junho, chegando a R$ 905,51 bilhões. O acréscimo em relação ao valor de maio foi de R$ 17,58 bilhões e a apropriação de juros foi de R$ 13,28 bilhões no mês passado. No primeiro semestre, Banco Central e Tesouro rolaram 111,8% dos vencimentos. Em dezembro de 2004, o estoque da dívida era de R$ 810,26 bilhões e a diferença para o valor registrado em junho (R$ 95,25 bilhões) é composta por R$ 28,174 bilhões de emissões líquidas e R$ 67,076 bilhões da incidência de juros. O estoque da dívida pública cresceu 11,74% nos primeiros seis meses de 2005. Na análise do coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Paulo Valle, tudo caminha para o cumprimento das metas do Plano Anual de Financiamento (PAF) para 2005. "Estamos aumentando a participação de prefixados e também buscamos reduzir a parcela dos papéis com variação pela Selic. A fatia dos títulos remunerados por índices de preço ainda está um pouco abaixo do planejado, mas essa demanda está crescendo e isso ajuda no alongamento da dívida", avaliou. O intervalo para o estoque da dívida no PAF 2005, segundo Valle, é de R$ 940 bilhões a R$ 1 trilhão, mas ele estima que esse teto não será ultrapassado neste ano. A dívida em junho registrou crescimento da participação de prefixados, redução dos papéis vinculados à Selic e queda da fatia de títulos cambiais. Ficou praticamente estável o peso dos títulos atrelados a índices de preço. Quanto aos prefixados, a parte deles no total subiu de 22,05% (maio) para 22,95%. A porcentagem dos papéis atualizados pela Selic caiu de 57,24% para 56,56%. Os cambiais perderam novamente espaço, caindo de 4,27% para 4,12% (incluindo operações de swap cambial). Os papéis remunerados pela variação de índices de preço ocupavam 13,92% do total da dívida em maio. Em junho, foram 13,88%. Em junho, o prazo médio do estoque da dívida em poder do público reduziu-se ligeiramente, de 27,46 meses (maio) para 27,11 meses. O prazo médio das emissões em ofertas públicas aumentou de 22,92 meses para 27,08 meses em junho. A nota conjunta sobre a dívida pública divulgada ontem pelo BC e pelo Tesouro também informou que a participação de títulos federais em poder do público com vencimento em até 12 meses cresceu de 43,80% para 45,26%. No mês passado, foi incorporado no cálculo da dívida o vencimento R$ 35,8 bilhões previsto para junho de 2006. Nesse grupo de papéis com vencimento em até 12 meses, a participação dos prefixados caiu de 77,38% para 73,46%. Valle também afirmou que, em junho, foram realizados três leilões de papéis prefixados mais longos (NTN-F) e as taxas foram de 17,25%, 16,73% e 16,25%. O coordenador destacou que, no mês passado, houve emissão de R$ 524 milhões em NTN-F vencendo em 2012. Segundo a nota conjunta, é o título com remuneração prefixada de prazo mais longo já emitido no mercado interno. "Até a emissão das NTN-F com vencimento em 2008, que ocorreu em dezembro de 2003, o papel mais longo colocado no mercado era de dois anos", comparou. O chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab), Ivan Oliveira Lima, informou que, em junho, o BC atuou em 16 oportunidades para administrar a liquidez de reservas bancárias. Foram realizadas operações compromissadas com prazo de um dia útil. Em 12 delas, o BC absorveu o excesso de recursos e em quatro foi doador. O BC teve de atuar para nivelar a liquidez em 21 dos 22 dias úteis de junho. Segundo o Demab, a LTN de vencimento em 1º de janeiro de 2006 foi o título mais negociado no mercado secundário em junho. A média diária dessas operações foi de R$ 4,3 bilhões. Em maio, foi de R$ 3,6 bilhões. Os negócios com esse papel foram 30% do volume total e 52% do mercado de prefixados. Quanto aos títulos atrelados à Selic, Oliveira Lima ressaltou que a LFT com vencimento em 17 de agosto de 2005 foi, pelo terceiro mês seguido, o maior volume financeiro negociado, com média de 551 negócios diários que movimentam R$ 1 bilhão.