Título: CVM pede a empresas que expliquem doações
Autor: Catherine Vieira e Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 26/07/2005, Política, p. A6

Crise Usiminas, Telemig Celular e Amazônia Celular são notificadas para esclarecer doações não-declaradas

A superintendência de relações com empresas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) enviou ontem ofícios para as empresas Usiminas, Telemig Celular e Amazônia Celular, nos quais solicita esclarecimentos com relação a notícias que vêm sendo veiculadas nos meios de comunicação a respeito de doações para campanhas políticas. "De acordo com o noticiário, essas companhias teriam destinado recursos a campanhas eleitorais com omissão ou incorreção do respectivo registro contábil", diz o comunicado que autarquia soltou ontem no início da noite. A CVM decidiu solicitar os esclarecimentos porque as três empresas em questão são companhias abertas, com ações negociadas no mercado e acionistas minoritários, portanto devem submeter informações periódicas contábeis minuciosas à autarquia que é a autoridade reguladora e fiscalizadora do mercado de capitais. "Por se tratar de companhias abertas, a área técnica da CVM solicitou esclarecimentos a essas empresas sobre tais fatos, como faz rotineiramente sempre que informações divulgadas na mídia podem repercutir na cotação dos valores mobiliários da companhia ou coloquem em dúvida a legalidade de procedimentos dos administradores ou acionistas", informa a autarquia. Esse mesmo procedimento já foi adotado há duas semanas, quando a CVM solicitou da Telemar esclarecimentos sobre as assembléias que aprovaram os investimentos feitos na Gamecorp, em função também de notícias que vinham sendo veiculadas na imprensa sobre a companhia aberta. A Usiminas não comentou o pedido da CVM. Já a Telemig Celular e a Amazônia Celular informaram que não se pronunciariam antes do recebimento do ofício. As ações PNA da Usiminas na Bolsa de Valores de São Paulo tiveram uma queda ontem de 7,6%. É a maior queda em um dia desde março de 2004. A siderúrgica mineira foi denunciada por políticos mineiros depois que o nome de seus assessores apareceram na lista de sacadores da conta da SMP&B no Banco Rural. O deputado federal Roberto Brant (PFL) foi o primeiro a confessar que o dinheiro sacado, R$ 102 mil, foi uma doação "por fora" da Usiminas para sua campanha a prefeito de Belo Horizonte em 2004. Outros três políticos mineiros já declararam ter recebido doações da siderúrgica por meio da agências de publicidade de Marcos Valério de Souza. A Telemig e Amazonas Celular foram envolvidas nas investigações por serem também clientes dele. (Colaborou Talita Moreira, de São Paulo).