Título: Bahia vai ampliar sua produção de gás natural
Autor: Patrick Cruz
Fonte: Valor Econômico, 26/07/2005, Empresas &, p. B10

A unidade baiana da Petrobras está em pleno processo de revitalização de poços terrestres de gás natural, estratégia que busca compensar a queda de produção dos poços com idade avançada de exploração no estado. A meta é chegar ao final do ano com produção diária de 6,6 milhões de metros cúbicos, em comparação com o volume atual de 5,8 milhões de metros cúbicos. Para 2005, o orçamento da estatal destinado às atividades de exploração e produção de óleo e gás na Bahia é de R$ 953 milhões, montante quase um terço superior aos R$ 750 milhões do ano passado. Dois novos poços acabam de entrar em operação no Norte do estado, com oferta diária de 405 mil metros cúbicos de gás natural. Eles estão localizados no município de Sátiro Dias, a 205 quilômetros de Salvador, na área conhecida como Campo de Quererá, na Bacia do Tucano. "O gás extraído na Bahia hoje é suficiente para atender a demanda existente, mas há ainda uma demanda reprimida muito grande", diz Antonio José Pinheiro Rivas, gerente geral de exploração e produção da estatal na Bahia. Os dois novos poços haviam sido perfurados em 1962, mas, devido à falta de infra-estrutura para escoamento, estavam desativados. A Petrobras investiu US$ 16,5 milhões para instalar 96 quilômetros de gasodutos entre o Campo de Quererá e a Estação de Conceição. De lá o produto segue à unidade de processamento de gás natural localizada em Pojuca, distante 67 quilômetros da capital. Outros quatro poços, localizados no Campo de Quererá, entrarão em operação em breve, o que elevará a vazão de gás no local a 500 mil metros cúbicos por dia. No médio prazo, informa a empresa, mais quatro poços dessa mesma região também entrarão em operação. "Estamos com uma campanha agressiva de perfuração de novos poços", disse Rivas. Segundo o gerente geral, o Programa de Revitalização dos Campos Maduros da Petrobras já detectou potencial de reabertura de cerca de 500 poços de óleo e gás na Bahia - estão em atividade, hoje, quase 2,5 mil poços. O mercado final é basicamente a indústria, com peso significativo do consumo das empresas localizadas no pólo petroquímico de Camaçari. A Bahiagás, responsável pela distribuição do gás natural no estado, tem em andamento um programa de aumento da oferta em postos de combustível e residências, mas o percentual consumido por esses dois públicos é marginal. De todos os planos para ampliar a exploração de gás natural na Bahia, entretanto, o mais significativo permanece o do Projeto Manati, que, segundo as projeções, dobrará a oferta do produto no estado. O Campo de Manati, localizado na Bacia de Camamu, a 65 quilômetros de Salvador, será o primeiro campo produtor de gás natural off-shore (em alto mar) do estado. Um terço do orçamento de R$ 953 milhões do braço baiano da Petrobras destinado às atividades de exploração e produção em 2005 será destinado a esse projeto. Sua entrada em operação, entretanto, já foi postergada mais de uma vez. A previsão inicial era para janeiro de 2006, passou a março e última estimativa foi estabelecida para abril. Os entraves, segundo Rivas, estão relacionados principalmente com a obtenção das licenças ambientais e de perfuração.