Título: Dívida cai abaixo dos US$ 200 bi
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 26/07/2005, Finanças, p. C2
A dívida externa brasileira caiu abaixo dos US$ 200 bilhões pela primeira vez desde dezembro de 1997. Estatísticas divulgadas pelo Banco Central mostram um endividamento de US$ 199,857 bilhões em abril, incluindo governos e setor privado, ante US$ 201,922 bilhões em março passado. A queda da dívida externa se deve, sobretudo, às amortizações líquidas feitas pelo Tesouro em abril - mês em que há concentração de pagamentos de "bradies" (títulos da dívida renegociada). A dívida do setor público caiu US$ 1,303 bilhão no mês, passando para US$ 113,597 bilhões. Os pagamentos de bradies somaram US$ 930 milhões. Empresas estatais também deixam de renovar débitos em abril. O Tesouro vem adotando a política de renovar apenas parcialmente a dívida externa vencida. Neste ano, por exemplo, vencem US$ 6,079 bilhões em dívida externa oficial, mas as captações programadas somam apenas US$ 4,5 bilhões no ano. A diferença entre os dois valores e os juros da dívida (US$ 5,693 bilhões) estão sendo pagos com dólares das reservas internacionais e adquiridos em mercado. O setor privado também vem mantendo tendência de redução de seu endividamento. Entre março e abril, seu débito sofreu ligeiro recuo, passando de US$ 66,562 bilhões para US$ 66,025 bilhões. Esse é o resultado da política das empresas de renovar apenas parcialmente a dívida externa vencida. No primeiro semestre deste ano, foram renovados 74% dos débitos vencidos e, para o resto do ano, a expectativa do BC é que essa taxa fique em 70%. O baixo índice de rolagem se deve à estratégia de financiamento das empresas - que de forma geral têm privilegiado o uso de caixa próprio ou captações dentro do país - e não à falta de oferta de capitais estrangeiros ao Brasil. De forma geral, só estão renovando dívida no exterior as empresas que têm receitas em dólares, que oferecem uma proteção natural contra as variações na cotação da moeda americana. (AR)