Título: Brasília e Goiânia têm mais qualidade de vida, diz FGV
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 27/07/2005, Brasil, p. A3

Brasília foi considerada a cidade com melhor qualidade de vida entre 11 regiões metropolitanas pesquisadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base na Pesquisa de Orçamento Familiar 2002/2003, do IBGE. O índice de condição de vida (ICV) do Distrito Federal ficou 108,27% acima da média no ranking. São Paulo teve resultado intermediário - 8,19% acima da média - enquanto o Rio ficou 13,91% abaixo da média, mais próximo das regiões metropolitanas do Norte e Nordeste, cujo desempenho foi negativo. Belém registrou o pior ICV da pesquisa - 79,40% abaixo da média. O trabalho coordenado por Fernando Blumenschein, economista do Ibre, visa medir a percepção de bem-estar das populações de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Goiânia. Para o economista, quanto melhores as condições de vida de uma cidade, mais ela atrai investimento produtivo e maior é a produtividade da mão-de-obra local. Para ter algum resultado preliminar que endosse sua tese, ele classificou também a população dessas regiões por classe de rendimento, que vão de mais de R$ 7.481, 00 para a classe A; entre R$ 1.835 a R$ 7.481 para a classe B; R$ 1.041 a R$ 1.835 para a classe C; entre R$ 300 e R$ 1.041,00 para a classe D e até R$ 300,00 para a classe E. Esses dados foram cruzados também com a percepção de violência de cada região. Assim, Blumenschein observou que cidades do Centro-Oeste, como Brasília e Goiânia, as primeiras no ranking do ICV, geram motivação econômica, bem como as cidades do Sul, como Porto Alegre e Curitiba. Já as cidades do Sudeste, como São Paulo e Rio, são consideradas médias nesse quesito, enquanto as regiões do Norte e Nordeste são vistas como ruins em todas as variáveis de qualidade de vida, o que explica em parte o atraso do desenvolvimento local, com destaque para Belém e Recife. " As condições de vida no Nordeste são realmente as piores em tudo " , afirma o economista. Essa constatação inclui a questão da violência local. A pesquisa surpreende pelo fato de cidades como Rio e São Paulo não apresentarem resultados de percepção da violência, por parte da população, de forma tão contundente como as capitais do Nordeste. " A percepção da população de Rio e São Paulo é que a violência nessas regiões é menor que a média de cidades como Belém, Recife e Fortaleza " . O Rio de Janeiro é considerado pelo economista do Ibre como a região metropolitana " mais democrática " em termos de violência, porque atinge igualmente a todas as classes de rendimento. Para famílias de alta renda, Fortaleza aparece como uma das cidades com melhores condições de vida do país, mas para as demais classes a região fica entre as piores nesse quesito. Porto Alegre é o contrário de Fortaleza. A cidade é percebida como tendo melhor qualidade de vida para as classes de renda mais baixa. Recife é a cidade onde as classes de maior renda (A) se sentem mais desconfortáveis. Os dados mostram ainda, segundo o Ibre, um aumento da percepção da violência em Belo Horizonte. A conclusão da pesquisa é que o monitoramento das condições de vida através da percepção dos habitantes deve ser contínuo e aprofundado pelos poderes públicos para servir como base de subsídio de estratégias de políticas públicas nessas regiões, alerta Blumenschein.