Título: Aécio cobra e assessores responsabilizam campanha
Autor: Raymundo Costa
Fonte: Valor Econômico, 28/07/2005, Política, p. A5

A divulgação dos nomes de políticos mineiros que receberam dinheiro da SMP&B, agência de Marcos Valério de Souza, durante a campanha ao governo do Estado de 1998, causou furor na política mineira. A maior parte dos envolvidos tratou de se pronunciar, jogando a responsabilidade para a coordenação da campanha de reeleição do governador Eduardo Azeredo em 1998. O coordenador da campanha, Carlos Eloy Guimarães, no entanto, também empurrou as explicações para o tesoureiro de campanha, Cláudio Mourão. Guimarães argumentou que nunca teve contato com a SMP&B e que não era responsável pelos repasses de recurso para campanha. O tesoureiro, no entanto, não foi localizado. Vice na chapa de Azeredo em 1998 e atual vice-governador do Estado, Clésio Andrade (PFL), divulgou nota para negar participação na distribuição de recursos na campanha. O vice-governador lembrou que não era mais sócio da SMP&B desde julho de 1998, não tendo participação nas decisões da empresa sobre doação para políticos. Clésio foi acusado por outros políticos, como o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB), de ter apresentado Marcos Valério aos coordenadores da campanha justamente para cuidar da arrecadação da campanha. Com as denúncias de que três secretários estaduais e um presidente de fundação estatal estão na lista dos que receberam recursos da SMP&B, o governador Aécio Neves (PSDB) distribuiu nota para informar que está cobrando explicações dos assessores. Estão na lista os secretários Elber Brandão (de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri), Olavo Bilac Pinto (Ciência e Tecnologia) e João Batista de Oliveira (Direitos Humanos). O quarto assessor é o presidente da Fundação João Pinheiro, Amilcar Martins. Na nota, o governador argumenta que as referências aos quatro não dizem respeito a ações durante sua gestão. E informa que vai aguardar aos esclarecimentos devidos e a eventual manifestação das instâncias competentes. Com tantas acusações direcionadas à coordenação de campanha do então governador Eduardo Azeredo, o diretório mineiro resolveu sair em defesa do conterrâneo e também divulgou nota. No texto, o diretório reitera a confiança no senador Azeredo, que hoje é presidente nacional da legenda. O documento do PSDB de Minas sustenta a tese de que o senador está sendo vítima de uma articulação nacional para envolver o partido na crise que se instalou em Brasília. "Esta ação espalha um clima de denuncismo que tenta contaminar e generalizar o quadro político buscando, ao mesmo tempo, confundir a opinião pública e desviar o foco real das acusações que estão sendo investigadas pelo Congresso Nacional neste momento." Mais uma conexão entre o PSDB de Minas e o empresário Marcos Valério foi levantada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo". Reportagem do jornal mostra que o advogado Rogério Lanza Tolentino, sócio de Marcos Valério num escritório em Belo Horizonte, atuou como juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas, entre agosto de 1998 e agosto de 2000, favorecendo Eduardo Azeredo e Clésio Andrade num processo movido pelo Ministério Público Estadual. Os dois políticos eram acusados de fazer propaganda eleitoral com verbas públicas por causa do pagamento a SMP&B pelo patrocínio do Enduro da Independência.