Título: Estratégia de publicitário é responsabilizar sócios
Autor: Juliano Basile e Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 28/07/2005, Política, p. A8

A estratégia da defesa do empresário Marcos Valério de Souza é dividir a responsabilidade por depósitos em contas correntes de políticos com seus sócios nas agências SMP&B e DNA. Repetindo a informação prestada por sua mulher na CPI dos Correios, o empresário distribuiu ontem nota à imprensa para lembrar que em cada cheque emitido pelas empresas deve constar as assinaturas de, pelo menos, dois sócios. "As empresas funcionam através da responsabilidade solidária e, portanto, eventuais questionamentos também devem ser feito aos demais sócios", diz a nota. Pelo menos o presidente da SMP&B, Cristiano Melo Paz, deverá ser convocado para prestar depoimento na CPI. Ontem, dia em que a CPI dos Correios aprovou o pedido de prisão preventiva de Marcos Valério, o empresário afirmou, em nota, que não tem qualquer relação com a gravação da conversa entre seu contador Marco Aurélio Prata e seu irmão, Marco Túlio. E que nunca pediu ou autorizou a inutilização de documentos da DNA. Notas fiscais queimadas da agência foram encontradas pela Polícia Civil de Minas na casa do irmão do contador. A informação sobre a transferência de documentos do escritório de contabilidade Prata e Castro Associados para a casa do irmão do contador, um policial civil aposentado, foi descoberta em escuta autorizada pelo Ministério Público Estadual. O pedido de prisão preventiva foi aprovado sob o argumento de que Marcos Valério estaria destruindo provas de irregularidades praticadas por suas agências. Entretanto, na avaliação do seu advogado, Marcelo Leonardo, é improvável que o pedido de prisão preventiva seja acatado pela Justiça. "O pedido pode ser feito mas é improcedente porque nessas gravações não há qualquer referência a Marcos Valério e nenhuma indicação de que ele tenha responsabilidade nisso (destruição das provas)", comentou o advogado. Na nota, o empresário Marcos Valério ressaltou ainda que não conhece o ex-policial Marco Túlio Prata e só soube ele era irmão do seu contador pela imprensa.