Título: Wagner diz que acusação de "chavismo" indigna Lula
Autor: Taciana Collet
Fonte: Valor Econômico, 29/07/2005, Política, p. A4

O ministro Jaques Wagner, das Relações Institucionais, disse ontem que, neste momento de crise, o governo não vai apelar para soluções populistas como "abrir o cofre". "Qualquer consultor de quinta categoria daria como primeira recomendação: abra o cofre", ressaltou. "Realmente seria mais fácil sair liberando emenda, obra para governador. Você sempre tem relação mais azeitada. Mas o presidente não está governando para a próxima eleição, mas para as próximas gerações." Jaques Wagner afirmou que "chateia" o presidente Lula as "especulações" de que ele estaria com um comportamento parecido com o do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. "Um eventual desabafo dele, querer interpretar como uma chamada para essa questão do chavismo eu quero transmitir a indignação do presidente. Ele está tranqüilo, sereno, firme na decisão de que tem de apurar as coisas e pedir ao Congresso que continue sua marcha. " Wagner ressaltou que Lula não vai alterar a agenda de trabalho por conta da crise política, manterá o mesmo ritmo de sempre. "Não é por conta da crise que ele vai intensificar isso nem vai também ficar trancado no gabinete do Palácio do Planalto. Ele não está fazendo nada de diferente nem na economia nem na relação com a sociedade civil", salientou. No último mês, o presidente tem viajado pelo menos duas vezes por semana. Jaques Wagner, que esteve reunido ontem com o presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), avaliou que não vê risco de instabilidade política no país por causa da crise. E elogiou manifestações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, e de líderes da oposição como o senador Jefferson Peres (PDT-AM), em favor de uma retomada das votações no Congresso. "A preocupação com a institucionalidade não quer dizer que você tenha uma instabilidade se avizinhando", ponderou. Wagner ressaltou também que o presidente quer ver o Congresso funcionando. "O presidente foi claro que 2005 não seria um ano de grandes formulações, mas um ano de execução e de ajustes de uma agenda microeconômica que pudesse azeitar a economia brasileira. Essa pauta do Congresso tem de ter curso normal." O ministro citou vários projetos que estão no Congresso e precisam ser votados, como a lei da pré-empresa, a Lei Geral da Microempresa, a regulamentação da PPP, a Lei do Saneamento, de Defesa da Concorrência, e as reformas política e tributária.