Título: Tarso vai ser candidato à presidência do partido
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Fonte: Valor Econômico, 29/07/2005, Política, p. A4

O ministro da Educação, Tarso Genro, que deixa hoje o governo para assumir interinamente a presidência nacional do PT, confirmou ontem que será candidato ao cargo no Processo de Eleição Direta (PED) do partido, em setembro. Pela manhã, ele comunicou a decisão de aceitar o convite do Campo Majoritário diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na noite anterior, em audiência com o prefeito José Fogaça (PPS), em Porto Alegre, defendeu a candidatura do ex-ministro das Cidades, Olívio Dutra, ao governo do Rio Grande do Sul em 2006. Tarso disse que a CPI dos Correios, que apura as denúncias de corrupção no governo federal, deve "investigar um pouco mais, buscar provas das acusações que estão sendo feitas e interrogar (os depoentes) com mais maestria técnica". Para ele, a comissão tem feito até agora "muito mais pronunciamentos de natureza política do que trabalho de natureza investigativa". Contrário a uma candidatura de consenso para o PED, Tarso afirmou que as correntes de esquerda, ao invés de se apresentarem com cinco nomes (Raul Pont, Valter Pomar, Plínio de Arruda Sampaio, Markus Sokol e Luiz Gonzaga da Silva), deveriam se unificar para "crescer neste momento" e para que o debate interno fosse mais "polarizado, civilizado e qualificado". O dirigente vai propor, na reunião do diretório nacional, dias 6 e 7 de agosto, em São Paulo, a manutenção da data original do PED, programado para 18 de setembro, e não o adiamento por até 90 dias defendido por alguns setores partidários em função das dificuldades financeiras do PT. "Não acho que uma candidatura de consenso seja boa para o PT; o que estou defendendo é a formação de um novo campo político majoritário, hegemônico, que demonstre nova vitalidade, novos métodos de direção e um novo projeto no sentido de refundação estratégica do partido", disse Tarso. Além dele e dos candidatos da esquerda, participará do PED a deputada federal gaúcha Maria do Rosário, do Movimento PT, que se apresenta como representante do "centro político" do partido e defende a reeleição de Lula. Como presidente interino, Tarso irá sugerir na reunião da executiva nacional do partido, na próxima quarta-feira, que todos os petistas envolvidos nas denúncias de corrupção, entre eles o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, sejam notificados para apresentar um "relatório prévio" sobre os motivos que os levaram a ser citados. Para o líder petista, a crise política enfrentada pelo governo já está começando a se "dissipar" na medida em que novos fatos demonstram que a corrupção no Brasil é "sistêmica" e que as irregularidades relacionadas com o PT também atingem os demais partidos. (SB)