Título: Não há inflação de demanda, diz Furlan
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 02/08/2005, Brasil, p. A3
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior , Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem que não existe uma inflação de demanda no país. Para o ministro, essa é uma "variável importante" que deve ser considerada na "equação" da taxa de juros do país. "Praticamente qualquer produto que se queira comprar, no Brasil ou no exterior, está disponível sem dificuldades", disse Furlan. Com os índices de inflação em queda, existe uma expectativa do setor produtivo de que o Banco Central comece a baixar as taxas de juros do país no segundo semestre. De acordo com Furlan, uma evidência de que não há uma inflação de demanda no país é a relatividade estabilidade das importações brasileiras, mesmo com a valorização do real. "É surpreendente que as importações estão crescendo abaixo do esperado, apesar do câmbio", afirmou o ministro. "Se houvesse uma inflação de demanda, as importações estariam crescendo, aproveitando o preço unitário menor", completou. As importações brasileiras aumentaram apenas 1,2% em julho ante junho, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Furlan descartou uma contaminação generalizada da economia pela crise política, gerada pelas denúncias de corrupção de parlamentares do PT e dos demais partidos da base aliada. "Pela primeira vez, que eu me lembre, vemos os mercados financeiros reagirem com maturidade e tranqüilidade a uma questão de cunho político", disse Furlan. "Há uma separação entre a questão política e a econômica. Os números estão mostrando isso." Ele acredita que as empresas continuam investindo. "O melhor termômetro será os balanços das companhias abertas no primeiro semestre. Para alguns setores, foi o melhor resultado dos últimos 20, 30 anos." O ministro reconhece que a insegurança do consumidor, gerada pela crise política, acaba afetando as vendas de alguns setores. "O consumidor, bombardeado pelo noticiário, fica reticente e posterga alguma decisão", disse Furlan. Ele citou como exemplo o setor de móveis, cujas vendas no mercado interno estariam abaixo das do ano passado. Furlan participou, em São Paulo, da abertura da Feira Internacional de Vendas e Exportação de Móveis (Fenavem).