Título: Grupo Gerdau tirou da gaveta projeto de R$ 750 milhões
Autor: Raquel Landim e Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2004, Brasil, p. A-6

O crescimento do nível de atividade da construção civil levou o grupo Gerdau a tirar da gaveta o projeto de construção da siderúrgica de Araçariguama (SP), um empreendimento de R$ 750 milhões em duas fases. Na primeira, que será concluída em abril de 2006, a unidade produzirá 900 mil toneladas anuais de aço bruto e 600 mil toneladas anuais de vergalhões, mas estes volumes serão ampliados para 1,3 milhão e 1,2 milhão de toneladas, respectivamente, três anos e meio depois. "A construção civil retomou os patamares de 2002", disse o presidente do grupo, Jorge Gerdau Johannpeter. Junto com o crescimento mundial da demanda de aço e com o desejo de ampliar a participação atual de 50% no maior mercado brasileiro do setor, este foi o motivo para a empresa retomar o projeto, anunciado pela primeira vez em fevereiro de 2001, explicou o empresário. Outra gaúcha, a fabricante de elevadores ThyssenKrupp, de Guaíba (RS), vê o mercado com otimismo "moderado" a partir do segundo semestre do ano que vem. Segundo o diretor-superintendente Alceu Paz de Albuquerque, os grandes empreendimentos imobiliários, como hotéis e shopping centers, estão à espera da definição de cenários relativos a juros e petróleo para sair do papel. No ramo residencial, já há uma grande carteira de obras prontas que precisam ser vendidas, acrescenta. Por conta disto, o executivo calcula um faturamento na faixa de R$ 300 milhões, semelhante ao do ano passado. Para 2005, a projeção é uma receita de R$ 400 milhões, com a maior parte do crescimento ainda puxada pelas vendas externas, mas com expansão de 10% no mercado interno. As boas perspectivas da indústria da construção civil também encorajaram a Metalúrgica Altero, de Sapiranga, no Rio Grande do Sul, que produzia apenas acessórios de moda, a lançar linhas de maçanetas e metais para banho nos últimos dois anos. Neste ano, os dois segmentos já devem responder por um faturamento de R$ 17,5 milhões, equivalentes a 25% do total da empresa, mas em 2005 eles já devem chegar a R$ 35 milhões em função das vendas para o mercado interno e também externo, explica a diretora comercial Ângela Carvalho. A fluminense Apolo Produtos de Aço registrou um aumento de 8% nas encomendas de tubos galvanizados para a construção civil no último trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado. O reaquecimento nas vendas levou a empresa a rever as estimativas para o ano. Pelos cálculos do gerente geral da área industrial, Carlos Fernando Coutinho, as vendas em 2004 devem crescer 10% ante 2003. Cerca de 70% da produção da companhia, de 5.500 toneladas por mês, é voltada para a construção civil. A empresa também fabrica tubos para a indústria de petróleo, gás e setor elétrico. Já o segmento de vidros para construção civil tanto no grupo Saint-Gobain quanto na Cebrace - uma joint venture do grupo francês com a inglesa Pilkington - registrou queda de cerca de 5% até agora este ano. Segundo a gerente de vendas nacional da Cebrace e da Saint-Gobain, Regina de Fátima Manuel, há um começo de aquecimento na demanda, mas a estimativa para o ano ainda é de retração de 5% em relação a 2003. "Projetos de médio e maior porte começam a ser cotados. Existe uma perspectiva de retomada do crescimento na venda desses insumos, mas ela ainda não foi efetivada", diz. A mineira Precon está mais otimista e deve fechar com faturamento de R$ 110 milhões, 5% mais do que previa no início do ano. "O ano não foi de espetáculo do crescimento, mas foi melhor do que prevíamos", revelou o presidente da empresa, Bruno Simões Dias. Segundo ele, a revisão da expectativa de receita é resultado da melhora de renda dos trabalhadores. A previsão era faturar 25% mais que os R$ 77 milhões de 2003, em consequência da ampliação do mix de vendas. Com o aquecimento, a estimativa foi elevada para 30%. As vendas para depósitos de material de construção representam 75% do negócio, que fabrica telhas e caixas d´água de amianto, argamassa e pré-fabricados de concreto, entre outros itens. (Colaborou Janaina Vilella, do Rio)