Título: Severino promete acelerar votações
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 02/08/2005, Política, p. A8

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), fez ontem um balanço do primeiro semestre e prometeu acelerar as votações na última metade do ano. Apesar de, no discurso, ter defendido prioridade para projetos importantes - como as reformas tributária, política, sindical, a regulamentação da reforma Judiciária, o estatuto das microempresas e a regulamentação das agências reguladoras -, a primeira pauta de agosto inclui três projetos que tratam da carreira de servidores públicos, dentre os sete que serão analisados. O presidente da Câmara vem trabalhando, nas últimas três semanas, para retomar as votações, reaproximar-se do Palácio do Planalto e tirar a crise política de evidência. Severino incluiu na pauta da semana o projeto de lei que cria a carreira de servidores da Câmara. Esta proposta foi incentivada pelo Palácio do Planalto, como forma de garantir o apoio do presidente da Câmara que fez uma campanha para eleger-se prometendo melhorias para deputados e servidores. O projeto deve permitir o aumento dos salários dos assessores de deputados. Também estão na pauta o projeto de resolução da mesa que fixa limite para complementação de vencimento e outro que transforma algumas funções comissionadas. Apesar de priorizar estes projetos, Severino afirmou em seu discurso que está conseguindo economia para a Câmara. "De fevereiro até a presente data a Câmara fez uma economia da ordem de 19%, ou R$ 120 milhões, a maior dos últimos anos", disse. Ele ainda afirmou que mesmo com a casa funcionando em 75% das vezes com a pauta trancada por medidas provisórias (MPs), seu período de gestão foi de avanços. "Foram 713 horas de sessão no primeiro semestre de 2005, contra 580 no mesmo período de 2004", afirmou. O semestre legislativo começa com duas MPs trancando a pauta de votações. As duas medidas não são consideradas polêmicas - uma trata do Programa Universidade para Todos (Prouni), um programa de bolsas de estudo, e outra institui benefícios a exportadores. Parlamentares governistas esperam que as votações de projetos de lei com pouca polêmica ocorram rapidamente, a despeito das investigações das CPIs dos Correios, do Mensalão, dos Bingos e das duas frentes de apuração de denúncias de corrupção que estão em funcionamento na Câmara. Para os grandes projetos, contudo, a expectativa é que a crise política impeça o avanço das propostas. Em seu discurso, Severino voltou a tentar minimizar as denúncias contra deputados, inclusive de seu partido, o PP, cuja cúpula está toda envolvida nas denúncias do mensalão. "Essa crise não se iniciou aqui. Ela veio de além dos meios-fios que contornam a sede do Congresso Nacional", disse. Severino chegou a planejar um pronunciamento à nação, antes de aproximar-se do Planalto, para falar claramente que o foco da corrupção estava no governo, que seria o agente corruptor, mas foi convencido que não era o momento de abrir uma nova frente de embates. Pessoas próximas a Severino afirmam que ele está medindo as palavras para não se desentender com Lula. Além de ser agraciado com um ministério, na última reforma ministerial, Severino está atuando de forma mais discreta e tentando se mostrar distante de seu partido. Os principais líderes do PP estão fortemente envolvidos entre os beneficiários dos saques realizados nas contas das empresas de Marcos Valério, acusado de ser o grande operador do mensalão.