Título: Santander quer o Safra
Autor: Gonçalves, Marcone
Fonte: Correio Braziliense, 19/04/2010, Economia, p. 11

Em meio ao processo de concentração do sistema financeiro brasileiro, uma operação é aguardada com expectativa: a possível compra do Safra, o oitavo maior banco do país, pelo Santander. Se concretizada, a instituição espanhola saltará do quinto para o quarto lugar no ranking do varejo financeiro elaborado pelo Banco Central, com ativos totais de R$ 405,1 bilhões. Deixará para trás, com longa margem, a Caixa Econômica Federal e encostará no Bradesco. Se arrematar o Safra, o Santander herdará uma carteira de clientes e de operações bancárias diferenciadas, geridas por Joseph Safra. Junto com o irmão Moise, o banqueiro tornou-se uma lenda na administração de grandes fortunas (2)no Brasil. A atividade bancária da família remonta ao início do século passado, quando o patriarca do clã abriu um banco na região onde hoje é a Síria. O terceiro irmão, Edmond Safra, morto há 11 anos em um incêndio criminoso em Mônaco, foi o dono do Republic National Bank of New York. O Safra tem ativos de R$ 71 bilhões, 99 agências e quase 5 mil funcionários. A possível compra do Safra pelo Santander começou a ser especulada pelo mercado no fim do ano passado, quando se tornaram públicas as informações de que a instituição havia enfrentado saques maciços de clientes no auge da crise mundial. O Safra era controlador da Aracruz Celulose, que perdeu bilhões de reais em operações arriscadíssimas no mercado de câmbio. Temia-se que o banco estivesse por trás dos negócios malsucedidos. A Aracruz acabou sendo vendida para o grupo Votorantim, mas a desconfiança em relação ao Safra não se dissipou por completo. Procurado pelo Correio, o Safra não se manifestou. E o Santander se limitou a informar que ¿não comenta especulações¿. Apesar desse silêncio, José Luiz Rodrigues, sócio-titular da consultoria JL Rodrigues e especialista em sistema financeiro, disse que a operação Safra-Santander faz todo o sentido. ¿O Safra vive um momento em que precisa definir seu rumo como um banco de varejo. Não dá para pensar que poderá ter uma política de expansão agressiva contando com menos de 100 agências¿, afirmou. (MG)