Título: Quebra do monopólio estatal "privatizou" resultado
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 02/08/2005, Especial, p. A12

O superávit da balança comercial de petróleo e derivados da Petrobras não significa resultado positivo do país nesse comércio. A quebra do monopólio estatal de petróleo e derivados levou à "privatização" desses insumos na balança comercial e outras fontes foram acrescentadas à balança energética do país, como o gás natural. Como consequência das mudanças, a participação de empresas privadas na balança de petróleo e derivados fez cair o peso da Petrobras: em 2003, 82% de tudo que o país importou desse setor foi parar na estatal. Esse percentual caiu para 79% em 2004 e ficou em 73% de janeiro a junho deste ano. Hoje, boa parte das importações de derivados (óleo diesel, gasolina, nafta e óleos combustíveis, entre outros) é feita por empresas privadas como as centrais petroquímicas - Braskem, Copesul e PqU. Entre janeiro e maio, a Copesul importou US$ 328,3 milhões e a Braskem, US$ 182 milhões. A própria Refap, que foi parcialmente privatizada com a venda de 30% para a Repsol YPF, importa o petróleo que consome e gastou US$ 730 milhões com compras no acumulado de janeiro a maio de 2005, segundo a Secex. Também as refinarias privadas, Ipiranga e Manguinhos importam diretamente o petróleo que processam. Na outra ponta, e contribuindo positivamente, está a Shell Brasil. Em agosto do ano passado a multinacional começou a produzir petróleo nos campos de Bijupirá e Salema, na bacia de Campos, e desde então vem exportando sua produção média de 60 mil barris/dia. Em maio, a Shell era a vigésima primeira maior exportadora do país, com US$ 302,8 milhões em vendas externas, segundo a Secex. (CS)