Título: Ganho inicial maior
Autor: Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 19/04/2010, Economia, p. 12

Com dinheiro no bolso, o trabalhador vem conseguindo manter o nível de consumo elevado, mesmo que isso signifique compras a longo prazo mediante financiamento. Segundo dados extraídos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), só no primeiro trimestre deste ano os salários médios de admissão tiveram um aumento real de 4,37% em relação ao mesmo período do ano passado. Pode-se argumentar que em 2009 o Brasil estava em plena crise e que, portanto, a base de comparação é deprimida. Mas não há como negar que, nos últimos sete anos, o ganho do trabalhador que conseguiu emprego com carteira assinada foi, em média, 28,53% acima da inflação. O salário médio do trabalhador alcançou R$ 816,70 em março. O Caged trata apenas do salário de admissão do trabalhador, não avançando sobre os ganhos de renda obtidos mediante promoções ou troca de função nas empresas. Em 2003, por exemplo, o valor médio do rendimento de um trabalhador que ingressasse no mercado de trabalho era de R$ 640,30. No final do ano passado, estava em R$ 780,56. Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi o ganho real de salários, muito acima da inflação, que ajudou o mercado interno a manter o nível de consumo durante a crise mundial, que bateu forte no Brasil a partir de setembro de 2008. ¿O segredo de o Brasil ter vencido a crise foi o ganho real do salário de admissão do trabalhador. Todas as categorias tiveram reajuste acima da inflação. Isso fez com que uma parcela majoritária da população pudesse continuar consumindo¿, ressaltou. O Distrito Federal é a terceira unidade da federação em termos de maior salário de ingresso num novo emprego. Em média, os trabalhadores aqui conseguem R$ 837,43. Quem paga melhor é São Paulo (R$ 937,92), seguido de perto pelo Rio de Janeiro (R$ 902,27). Os homens continuam ganhando mais do que as mulheres. Em média, o salário de admissão dos homens é de R$ 850,07 contra os R$ 752,98 pagos às mulheres.