Título: Tumulto em provas
Autor: Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 19/04/2010, Economia, p. 14

Irregularidades em seleção para o Ministério dos Transportes revolta candidatos

Uma série de irregularidades na aplicação dos exames e na fiscalização de candidatos provocou reclamações e tumultos generalizados no concurso do Ministério dos Transportes, para o qual se inscreveram 22.339 pessoas disputando 170 vagas. Em pelo menos um dos locais de provas, no Centro Universitário Unieuro, na Avenida das Nações, houve relatos de erro na aplicação das avaliações. Pessoas que se inscreveram para o cargo de analista técnico administrativo, de nível superior, alegaram ter recebido provas do cargo de agente administrativo, de nível médio. O problema só foi percebido porque alguns dos candidatos tinham se inscrito para ambos os níveis. "O fiscal abriu o pacote, e começou a distribuir os testes. Mas logo deu problema. Pessoas que tinham feito provas pela manhã viram que algo estava errado, e questionaram a organização¿, relembrou a pedagoga Célia Regina Alves Faria, 35 anos. ¿Foi quando começaram a recolher as provas de todo mundo. Só depois de uma hora foi que voltaram com os testes certos, querendo que continuássemos o concurso naturalmente. Mas aí já era tarde. Tinha um monte de gente provocando tumulto, levantando cadeiras e filmando tudo com o celular¿, contou Célia. Nesse instante, segundo contaram candidatos, um grupo de aproximadamente 15 pessoas decidiu interromper o concurso. Essas pessoas teriam saído pelos corredores da faculdade, batendo nos vidros das salas e gritando enraivecidas. Há relatos de candidatos que tentaram empurrar fiscais de provas para invadir salas. Houve desentendimentos. ¿Teve fiscal que quase agrediu candidato. Todos estavam nervosos¿, advertiu a concurseira Cássia Cristina Moraes, 27 anos. Ela contou ter visto candidatos saírem da sala com as provas e os gabaritos nas mãos, o que é irregular(1), segundo consta no edital de seleção do certame. ¿Aí não teve mais jeito. Todo mundo saiu da sala. Trouxe comigo até o caderno de respostas¿, explicou. O Correio tentou contatar o instituto Cetro durante toda a tarde e no início da noite de ontem. A reportagem ligou para os telefones que aparecem para contato no site da organizadora e procurou falar com algum responsável pela aplicação das provas na Unieuro. Um segurança que controlava o acesso à faculdade disse ter recebido a informação de que ninguém da imprensa poderia entrar na instituição de ensino. Ele informou ainda que a organização faria um comunicado assim que acabasse o certame. Até o fechamento desta edição, ninguém do Cetro havia retornado as ligações do jornal.