Título: Dólar baixo breca exportações de moda íntima
Autor: Vanessa Barone
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2005, Empresas &, p. B5

Lingerie Resultados do primeiro semestre foram melhores para quem focou no mercado interno

A retração nas exportações deverá prejudicar o crescimento das empresas do setor de moda íntima nacional neste ano. Este é o quadro previsto pelos executivos de empresas ouvidos pelo Valor e que vinham investindo no mercado externo. É o caso da Valisère, empresa do grupo Rosset. "O primeiro semestre de 2005 empatou com 2004 e julho foi uma catástrofe para a Valisère", afirma Oswaldo de Oliveira Filho, diretor superintendente do grupo Rosset. Investindo em exportação há dois anos, a Valisère - que engloba as marcas de moda íntima e moda praia Valfrance, Stile V, Acqua Mundi, Classic, Cia Marítima e Água Doce - prevê queda no faturamento das vendas ao mercado externo, esse ano. A queda, segundo Oliveira Filho, se deve "à política cambial danosa" que está sendo imposta, e à concorrência com os produtos chineses. No mercado interno, o setor de roupa íntima está sofrendo com a concorrência de produtos de outros segmentos - como telefones celulares. "Antes, o Dia das Mães era o nosso segundo Natal, em termos de vendas", afirma o executivo. "Agora, as mães ganham celular de presente, e não mais roupa íntima". Em 2003, a exportação significava 4% do faturamento da Valisère. Em 2004, esse percentual passou a 20% e, em 2005, não deverá passar de 18%. Para o ano que vem, a exportação cairá para 6% do faturamento da Valisère (sempre incluindo lingerie e moda praia) . A empresa produz 18 milhões de peças, por ano. Dois terços disso referem-se a lingerie. A Valisère é uma das empresas que apresentam suas novas coleções de verão entre os dias 7 e 9 de agosto, no Salão Lingerie Brasil, no ITM Expo, em São Paulo. A feira de negócios, voltada para lojistas, vai trazer as principais novidades do setor de moda íntima, que deverá crescer entre 15% e 17% esse ano, em relação a 2004, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Ainda segundo a entidade, esse setor engloba aproximadamente 6 mil empresas que detém 35 mil empregos diretos. O segmento representa 8,6% da produção de têxteis, no país. Diferentemente da Valisère, a Darling, que exporta apenas 10% de sua produção, prevê crescimento de 20%, esse ano, em relação a 2004. A principal aposta para o crescimento é a linha Cotton Plus, lançada em maio, com malha especial produzida pela Affinit Berlan que une algodão e microfibra de poliamida da Rhodia. "Estamos investindo em uma campanha comercial agressiva", diz Davis Castro, diretor comercial da Darling, que investiu 30% da verba anual de publicidade da empresa, de R$ 2 milhões, no lançamento do Cotton Plus. Já a Lupo, que entrou no mercado de underwear masculino há seis anos e no de lingerie há três, aposta em um linha de peças sem costura para ganhar mercado. Somente em maquinário, foram investidos US$ 2 milhões. Lingeries e cuecas significam 25% da produção da Lupo, em valores. A produção de underwear feminino é de 500 mil peças, por mês. "Somos líder de mercado em cuecas, com uma produção de 1 milhão de peças, por mês". A empresa exporta para 32 países. O principal cliente é a Calvin Klein americana, para onde a empresa manda 30 mil calcinhas femininas sem costura, por mês, no esquema de private label. O faturamento da Lupo em 2004 foi de R$ 198 milhões e a projeção é chegar a R$ 228 milhões, esse ano.