Título: Palocci descarta adoção de controle cambial ou de entrada de capitais
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2005, Finanças, p. C2

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, descarta a adoção de qualquer medida de controle cambial. Em entrevista conjunta com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, Palocci disse ontem que "não há motivos para pensar em mudanças nesse instrumento fundamental para o equilíbrio econômico que é o câmbio flutuante". A declaração foi em resposta à possibilidade de o país adotar alguma forma de controlar a entrada de capitais para conter a valorização do real, conforme proposta defendida na segunda-feira pelo deputado federal Delfim Netto (PP-SP). "Não temos como política estabelecer nenhum tipo de controle cambial", afirmou o ministro, acrescentando que "a flutuação tem prestado um serviço muito razoável à economia". Logo depois, Palocci trocou o adjetivo para "extraordinário", ressaltando a inversão vivida pelas contas externas do Brasil. Ele destacou que o Brasil teve em passado recente um déficit na conta corrente externa próximo a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) e que hoje experimenta superávit próximo a 2% do PIB. Para o ministro, não tem havido nos últimos tempos "movimentos anormais fluxo de capitais" que justifiquem preocupação. Segundo ele, dados recentes (desde o início do atual governo) mostram que o maior responsável pelo ingresso de capitais no país tem sido o comércio exterior, "extremamente mais significativo que os fluxos de investimentos", ressaltou, acrescentando que as exportações brasileiras cresceram 32% no ano passado e em julho bateram o recorde de US$ 11 bilhões. É esse fluxo elevado de moeda estrangeira gerado pelo comércio que, no ponto de vista de Palocci, está reposicionando o real em relação às demais moedas. Ele destacou que nos últimos tempos houve muitos movimentos das moedas dos países em relação ao dólar, citando especificamente a desvalorização do yuan (moeda da China), e disse que após esses movimentos é normal que ocorram mudanças no comércio internacional em favor de determinadas mercadorias ou países, gerando uma atenção maior sobre a questão cambial.