Título: Alta no preço do aço faz CST dobrar o lucro trimestral
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2004, Empresas, p. B-5

A Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) obteve um lucro líquido de R$ 358 milhões no terceiro trimestre de 2004, com aumento de 101% em relação ao de igual período do ano passado. De janeiro a setembro, o lucro acumulado atingiu R$ 1,12 bilhão, o maior já registrado pela empresa para o período de nove meses desde 1993, segundo a consultoria Economática. O resultado foi garantido pela alta dos preços do aço no mercado internacional. O diretor de relações com investidores da CST, Leonardo Horta, previu que o preço médio FOB da placa ficará entre US$ 420 e US$ 430 por tonelada no quarto trimestre do ano. De julho a setembro, o preço médio do semi-acabado da CST foi de US$ 348 por tonelada, 43% maior que o do mesmo período de 2003. Segundo Horta, no ano o preço médio da placa deverá ficar entre US$ 335 e US$ 345 por tonelada. Ele avaliou que a competitividade da CST permitiu à empresa minimizar o impacto da alta nos insumos, gerando uma margem mais significativa do que a dos concorrentes. No trimestre, as despesas operacionais aumentaram 4% sobre igual período de 2003. Horta acrescentou que a valorização de 8% do real no terceiro trimestre também contribuiu para o resultado líquido, já que a empresa tem parcela da dívida em dólar. O endividamento líquido caiu 6%, situando-se em US$ 422 milhões (R$ 1,2 bilhão). Horta lembrou que os preços favoráveis do aço contribuíram para aumentar em 39% a receita líquida de vendas, que atingiu R$ 1,32 bilhão entre julho e setembro. Em nove meses, a receita acumulada somou R$ 3,5 bilhões, recorde nos últimos 12 anos. A produção de placas somou 1,3 milhão de toneladas de julho a setembro e 3,7 milhões de toneladas nos nove meses, com alta de 2% sobre igual período de 2003. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações somou R$ 651 milhões no terceiro trimestre, com margem de 49%. Horta admitiu que, para o futuro, pode haver o encolhimento dessa margem, apesar da expectativa de preços médios superiores em 2005 comparativamente a este ano. "A margem será determinada por dois fatores: a pressão sobre os insumos e o aumento dos preços do aço." O mercado recebeu bem os números da CST, e avaliou que os resultados do balanço vieram em linha com o esperado. A expectativa de analistas é de que o quarto trimestre possa ser ainda melhor que o terceiro, já que a maior parte da pressão de custos da companhia, como o aumento do carvão, ocorreu no terceiro trimestre. A Merrill Lynch projeta resultados ainda melhores para o quatro trimestre de 2004 e para o primeiro trimestre de 2005, com o ganho operacional ultrapassando R$ 900 milhões por trimestre e margens acima de 50%. Edmo Chagas, do UBS, indicou, porém, que pode haver queda nos preços do aço a partir do segundo semestre de 2005, levando-se em conta um crescimento menor da economia mundial. Horta, da CST, minimizou ontem eventuais impactos para o Brasil da compra da americana ISG pelo empresário indiano Lakshmi Mittal. Segundo Horta, a operação não afeta a estratégia da Arcelor, controladora da CST.