Título: Copesul aumenta a margem bruta de 15% para mais de 22%
Autor: Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2004, Empresas, p. B-5

O crescimento dos preços dos petroquímicos básicos acima dos custos das matérias-primas (nafta e condensado) permitiu à Copesul, do pólo gaúcho de Triunfo, ampliar em 175,5% o lucro líquido societário no terceiro trimestre deste ano em comparação com igual período de 2003, para R$ 190,5 milhões, e elevar a margem bruta de 14,9% para 22,4% no período. O resultado ajustado com a incorporação das reservas de avaliação de 1983 e 1989, que serve de base para a distribuição de dividendos, cresceu 160,6%, para R$ 196,8 milhões. Segundo o diretor de relações com investidores da companhia, Bruno Piovesan, o comportamento dos preços dos petroquímicos básicos é fruto do "ajuste" entre a capacidade de oferta e a demanda global, que coloca em risco o suprimento em eventuais interrupções de fornecimento no mundo. Conforme o executivo, os preços médios ponderados dos produtos da Copesul subiram 52,3% no trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto nas matérias-primas a evolução foi de 40,9%. As oscilações estão associadas às sucessivas altas nas cotações do petróleo, que empurram para cima as margens nos setores de refino e da petroquímica básica e de segunda geração, lembra Piovesan. O fenômeno altera os preços relativos de toda a cadeia e a tendência é que o cenário permaneça "positivo" para o setor pelo menos até 2006, quando está prevista a entrada em operação de grandes plantas petroquímicas no Irã e na Arábia Saudita. Segundo Piovesan, a nafta atingiu o preço médio recorde de US$ 400 no terceiro trimestre, mas, em compensação, o benzeno, terceiro petroquímico básico em volume de vendas da Copesul, chegou a US$ 1.200, bem além do padrão histórico de US$ 50 a US$ 100 acima da nafta. Hoje a matéria-prima custa em torno de US$ 450 a tonelada, mas o eteno, principal produto da companhia, com 282 mil toneladas vendidas no trimestre e 831 mil nos nove meses, está perto dos US$ 800 a tonelada. Assim, mesmo com a redução de 4,9% nas vendas físicas totais no trimestre, para 704 mil toneladas, a receita líquida consolidada da empresa subiu 40,6%, para R$ 1,464 bilhão. Nos nove meses, o volume cresceu 1,4%, para 2,096 milhões de toneladas, enquanto a receita líquida avançou 15,6%, para R$ 3,769 bilhões. De janeiro a setembro, a margem bruta passou de 11% em 2003 para 19,1% agora e o lucro líquido societário evoluiu 217%, para R$ 411,9 milhões. O resultado ajustado chegou a R$ 430,7 milhões, ante R$ 148,6 milhões no ano passado. No terceiro trimestre, a Copesul também liquidou US$ 90 milhões remanescentes dos cerca de US$ 330 milhões tomados em 1998 da International Finance Corporation (IFC) e do Eximbank americano para financiar parte da expansão, concluída em 1999. Os empréstimos venceriam em 2007 e agora restam R$ 73,4 milhões em linhas do BNDES a serem pagas até novembro de 2005. Na época, a ampliação da capacidade de produção de eteno de 635 mil para 1,135 milhão de toneladas/ano custou cerca de US$ 500 milhões. Nos últimos 12 meses, a dívida líquida consolidada da companhia caiu de R$ 1 bilhão para menos de R$ 100 milhões. De janeiro a setembro deste ano, o nível médio de ocupação da capacidade produtiva de eteno chegou a 95,8% e a Copesul já tem programada a entrada em operação de um novo forno, em outubro de 2005, para alcançar 100% de utilização. O investimento será de US$ 20 milhões.