Título: Jefferson lança suspeita sobre BC
Autor: Henrique Gomes Batista e Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 05/08/2005, Política, p. A7

O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), no depoimento à CPI do Mensalão, ontem, fez denúncias contra os bancos Rural e Santos, asseverou que os fundos de pensão podem estar envolvidos com as empresas de Marcos Valério de Souza e com o financiamento do mensalão. Jefferson ainda levantou suspeitas sobre a atuação do Banco Central que, em sua opinião, faria "vistas grossas" sobre irregularidades do sistema financeiro. Jefferson foi enfático ao afirmar que os fundos de pensão participam do esquema do mensalão. "Os fundos de pensão compram títulos de 35 anos de bancos de segunda e terceira classe, como o Rural e o Santos, e há as comissões das transações, que são altíssimas", disse. Ele acredita que a chave para a ligação dos fundos de pensão no esquema é a lista das instituições que perderam dinheiro no Banco Santos. "O Banco Santos é o começo para isso. Micaram quantas (instituições) lá? 700? É fácil de investigar, basta checar a lista para perceber quantos fundos perderam dinheiro naquele banco de segunda categoria", disse. Jefferson ainda acusou os fundos de pensão de manterem artificialmente os bancos Santos e Rural. "Se não corrermos rápido os fundos vão micar no Rural também (como ocorreu no Santos). Porque o Banco Rural só está se mantendo vivo graças aos fundos de pensão", afirmou. Para ele, há uma atuação deliberada dos fundos, que "têm prejuízo aplicando irresponsavelmente naquele banco (Rural), naquele tamborete", disse. Segundo o parlamentar, Marcos Valério deve ter feito contratos de gaveta nos empréstimos com o Rural que repassou ao PT. "O Banco Rural é amoral, sempre patrocinou a corrupção", acrescentou. "Não entendo como um banco como o Rural continua aberto. Era o banco do PC Farias, hoje é o banco do Delúbio". O deputado também colocou sob suspeição o Banco do Brasil. "A movimentação no Rural é ínfima perto do volume das operações", disse. Jefferson reiterou que quando recebeu os R$ 4 milhões do PT, entregues por Marcos Valério na sede do PTB, 40% das cédulas eram do Rural e o restante do Banco do Brasil. Segundo ele, a CPI terá que fazer o rastreamento detalhado para descobrir, sobretudo, a origem desconhecida do dinheiro. O Banco do Brasil divulgou nota esclarecendo que a instituição fornece cédulas para mais de cinco mil pontos bancários do país.