Título: Na Sadia, oscilação da moeda não preo
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 05/08/2005, Empresas &, p. B1
Algumas empresas já estão utilizando instrumentos financeiros para não ficar à mercê da oscilação cambial. É o caso da Sadia, que exporta cerca de metade de sua receita. Mesmo com uma margem bruta menor, a empresa obteve um lucro 109% maior, de R$ 144,6 milhões no segundo trimestre de 2005. E o empurrão para esse resultado não veio do endividamento em dólar. De acordo com Luiz Murat, diretor de finanças da Sadia, o ganho financeiro de R$ 238,56 milhões - fator determinante do lucro no período - se deve a uma política de proteção estabelecida pela empresa para as suas exportações. "Percebemos que a volatilidade câmbio é uma constante e não queremos ficar esperando que o dólar ajude as exportações", explica Murat. A decisão de usar instrumentos financeiros para se proteger do câmbio foi tomada em setembro do ano passado. Hoje, esse mecanismo cobre 100% da exposição ao câmbio da Sadia. "Aqui dentro, o câmbio não pode mais ser usado como justificativa para não se cumprir metas", explica Murat. Segundo Tânia Chocolat, analista do Unibanco, afirma que essa política da Sadia tem tornado o impacto cambial o menor possível. "O resultado só veio tão forte por causa disso." De uma forma parcial, outras empresas também têm utilizado essa ferramenta. É o caso das companhias aéreas TAM e Gol. As despesas com combustível e lubrificantes da Gol subiram 98,4% no segundo trimestre na comparação com igual período de 2004. Mas esse impacto foi minimizado com a política de hedge (proteção). O lucro da empresa manteve-se praticamente estável. A TAM se protege por 12 meses para evitar que a moeda tenha impacto no resultado operacional. (CM)