Título: Gabrielli admite reajuste de derivados se cotação de petróleo continuar alta
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 09/08/2005, Brasil, p. A2

Apesar da disparada, ontem, das cotações do petróleo no mercado internacional, com o barril sendo cotado a quase US$ 64 no mercado americano, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, acha que ainda não é possível identificar se o preço chegou a um novo patamar. Segundo ele, "é evidente" que os atuais níveis de preço preocupam, porque afetam os preços da indústria. Lembrou que, além de afetar os fornecedores, o preço elevado aumenta os custos, já que a Petrobras paga royalties e participação especial sobre a produção. Gabrielli admitiu que se a cotação se mantiver elevada por mais tempo, a estatal terá que reajustar combustíveis. Para o executivo, o maior problema atual é a volatilidade dos preços. "Na medida em que se estabelecer uma certa convergência de preços nós teremos que reajustar os preços domésticos", disse. Mas ressaltou, entre os fatores que podem se contrapor à alta, o fim do verão americano, que reduz a demanda por gasolina, o aumento de produção por parte de grandes produtores internacionais e "uma certa estabilização geopolítica na região do Oriente Médio", que poderá ajudar a estabilizar preços. "Além do mais, as taxas de juros podem vir a crescer nos EUA. Isso pode atrair capitais, que hoje estão investidos como capital especulativo na área de petróleo, de volta ao mercado. O efeito que isso tudo vai ter sobre o mercado não é facilmente previsível." Evitando comentar estimativa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que estimou em 30% a atual defasagem no preço da gasolina vendida pela Petrobras, Gabrielli repetiu o que tem se tornado uma máxima nessa gestão. "Não trabalhamos com o conceito de defasagem dos preços internos. Trabalhamos com a idéia de que temos vários mercados para compararmos ao mercado brasileiro. Nós trabalhamos com a idéia de que a volatilidade do preço é muito importante para a nossa demanda. Nós trabalhamos com uma série de outros conceitos que nos auxiliam na tomada de decisão." Ontem, o petróleo do tipo WTI para entrega em setembro fechou cotado a US$ 63,94 na Bolsa Mercantil de Nova York. O vencimento de outubro encerrou com US$ 64,90 de alta, a US$ 1,62. Em Londres, o Brent para setembro subiu US$ 1,63, transacionado a US$ 62,70. O contrato de outubro teve elevação de US$ 1,59, para US$ 63,27. As cotações foram impulsionadas pelo fechamento temporário das representações diplomáticas dos EUA na Arábia Saudita, maior produtor do mundo. (Com agências internacionais)