Título: Construtoras brasileiras vêem risco menor agora
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 09/08/2005, Brasil, p. A3

As grandes construtoras brasileiras vêem com bons olhos a iniciativa do governo brasileiro de negociar um convênio com a Nigéria em que as importações de petróleo da Petrobras serviriam como garantia para as exportações brasileiras. Com o petróleo cotado a cerca de US$ 60 o barril no mercado internacional, as construtoras querem identificar quais serão as prioridades de investimento em infra-estrutura do governo da Nigéria, que é o maior produtor de petróleo da África. "Para o Brasil, é importante apoiar a exportação. Todos os concorrentes fazem isso. Se não fizermos, estamos fora do mercado em definitivo", afirma o diretor de exportações da Odebrecht, André Amaro da Silveira. "Isso tiraria o risco da operação e facilitaria a nossa análise do negócio como um todo", comenta Flávio Machado Filho, diretor-executivo de relações institucionais da Andrade Gutierrez. Os dois executivos integram a comitiva de empresários, liderada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que está visitando a Nigéria. A Odebrecht já está presente na África, com representações em Angola e Moçambique. No caso de Angola, a empresa utiliza os recursos do Proex, que financiam exportações de produtos brasileiros para o país, desde o início do programa. Atualmente, a Odebrecht fatura entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões por ano em Angola. Desse total, US$ 50 milhões a US$ 60 milhões são financiados por meio da "conta-petróleo". O Ministério do Desenvolvimento identificou oportunidades de negócios em diversas áreas na Nigéria e distribuiu uma lista para os empresários em uma reunião preparatória da visita, que ocorreu na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Na área de infra-estrutura, o governo nigeriano está construindo 11 usinas hidrelétricas de médio e grande porte, que devem ser concluídas entre 2005 e 2010. Há também o projeto de um gasoduto de 678 quilômetros que ligará a Nigéria a Gana, no valor de US$ 600 milhões. A Andrade Gutierrez demonstrou interesse pelos projetos das hidrelétricas, porque tem experiência nesse tipo de construção. A empresa, que participou de mais de 40% das obras de geração elétrica no Brasil, está realizando mais quatro obras nessa área no país este ano. Apesar do convênio entre os dois países representar um passo importante, por anular o risco de crédito das operações, as construtoras informam que não é suficiente para que decidam se instalar no país africano. É necessário verificar o comprometimento do governo nigeriano com os investimentos em infra-estrutura. (RL)