Título: Furlan prevê saldo de US$ 38 bilhões para a balança comercial neste ano
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Fonte: Valor Econômico, 09/08/2005, Brasil, p. A3
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, previu ontem um saldo ainda mais robusto para a balança comercial brasileira, que segundo ele deve atingir US$ 38 bilhões este ano, o que significa uma alta de 12,75% em relação aos US$ 33,7 bilhões obtidos no ano passado. Os técnicos do ministério esperavam, no início do ano, um superávit de US$ 35 bilhões. No acumulado de 12 meses até julho, o saldo comercial chega a US$ 39,9 bilhões. Na primeira semana deste mês - dias 1º a 7 - a balança comercial apresentou um saldo positivo de US$ 904 milhões, resultado da diferença entre as exportações, que somaram US$ 2,333 bilhões, e as importações, que totalizaram US$ 1,429 bilhão. Os resultados foram afetados pela greve dos funcionários da Receita Federal. No acumulado do ano, o superávit comercial está em US$ 25,582 bilhões, o que representa um crescimento de 31,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando atingia US$ 19,406 bilhões. As exportações somam US$ 67,071 bilhões e as importações, US$ 41,489 bilhões. Nos dois casos, o crescimento é bastante expressivo, 23,3% e 18,5%, respectivamente. A média diária das exportações no mês, até o dia 7, está em US$ 466,7 milhões, uma alta de 13,4% na comparação com o mês de agosto do ano passado. Na comparação com julho, a média diária está 11,4% menor, também efeito da greve na Receita. Já a média diária das importações apresentou um aumento de 11,8% em relação a agosto passado, para US$ 285,8 milhões. Em relação ao mês de julho, há uma queda de 0,8%.
O ministro Luiz Fernando Furlan comentou sua expectativa sobre o desempenho da balança comercial brasileira numa palestra para empresários nigerianos e brasileiros reunidos em Abuja, capital da Nigéria. Segundo suas projeções, as exportações brasileiras devem atingir US$ 112 bilhões este ano, enquanto as importações podem ficar em US$ 74 bilhões. Isso significa altas de, respectivamente, 16% e 17,8%. "Na visão de hoje, o saldo de US$ 38 bilhões é factível", disse o ministro. Furlan explicou que o superávit ainda mais expressivo é resultado de importações abaixo do que apontavam as projeções feitas no começo do ano, devido à falta de dinamismo da economia brasileira. "No início do ano, não era esperada uma taxa de juros de 19% e ninguém acreditava em inflação de 5%", disse Furlan, ao comentar as previsões depois do término da palestra na Nigéria. Em janeiro, os economistas acreditavam em uma redução mais expressiva da taxa de juros este ano. E quase nenhum analista apostava que o Banco Central conseguiria atingir a meta de inflação de 5,1%. O ministro ressaltou, no entanto, que o superávit comercial mais expressivo dá vigor extra para as contas externas, protegendo o país de qualquer turbulência externa e também dos efeitos da crise política. Segundo Furlan, a meta é atingir uma relação entre a corrente de comércio brasileira e o Produto Interno Bruto (PIB) de 30% em 2006, último ano do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa relação ficou em 26,6% em 2004 e pode atingir 28% em 2005. Furlan está liderando uma comitiva de cerca de 30 empresários brasileiros em uma visita de dois dias a Nigéria.(Raquel Landim, com agências noticiosas)