Título: Acordo viabiliza votação da MP do mínimo
Autor: Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 09/08/2005, Política, p. A7

Um acordo entre governo e oposição deve permitir que seja concluída hoje, no Senado, a votação da medida provisória que fixa o salário mínimo em R$ 300. Os oposionistas farão protestos no plenário com intuito de marcar posição política, mas concordam que pressionar por qualquer aumento, em meio a uma grave crise política, pode gerar tensões econômicas. A medida perde a validade se não for votada até amanhã. O PFL realiza reunião hoje de manhã para discutir que postura adotará na votação em plenário, mas os oposicionistas já informaram aos governistas que não pretendem fazer obstrução. " Um reajuste maior que o feito pelo governo poderia trazer conturbação econômica, em função da monumental crise política " , justificou o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN). O mínimo será reajustado em 15,3%, sendo que 6,35% da correção é referente a reposição da inflação, e os 8,0489% representam aumento real. Segundo o relator da MP, senador Ney Suassuna (PB), o aumento do poder de compra do mínimo, nos últimos dez anos, foi de 35%. Entre trabalhadores da iniciativa privada, beneficiários do INSS e desempregados, 47,7 milhões de brasileiros recebem salário mínimo. Em função da elevada temperatura política no Congresso, Suassuna reconhece que pode haver alguma surpresa de última hora no acordo com a oposição que dificulte a aprovação da MP. " O quadro aqui sempre pode mudar. Somos um rio em que não se toma banho duas vezes na mesma água " , brinca. A elevação do mínimo para R$ 300 representará um gasto anual de R$ 5,2 bilhões para os cofres públicos e um ingresso de R$ 13,3 bilhões/ano na economia. Os parlamentares governistas reconhecem que o valor do mínimo é baixo, mas a turbulência em Brasília é tanta que nem haverá tempo para discutir de forma acalorada a medida provisória.