Título: Bradesco dobra lucro para R$ 2,6 bi
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 09/08/2005, Finanças, p. C1

Balanço Parcerias impulsionam expansão de 50,6% no crédito para as pessoas físicas

O salto das operações de crédito para pessoa física, a redução da inadimplência e os juros ainda altos levaram o Bradesco a registrar resultado recorde entre os bancos, no primeiro semestre. Mais do que isso, o banco parece ter consolidado o novo patamar de rentabilidade. O Bradesco fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 1,415 bilhão, acumulando R$ 2,621 bilhões no primeiro semestre, nada menos do que o dobro do registrado nos primeiros seis meses de 2004. Foi o maior resultado histórico entre os bancos, segundo a Economatica. Com esse desempenho, o Bradesco manteve a dianteira em relação ao Itaú, o que havia acontecido pela primeira vez no primeiro trimestre. O Itaú teve ganho de R$ 2,47 bilhões no semestre. Tradicionalmente, o Bradesco tinha um retorno ao redor de 20%. Neste ano, subiu para o patamar de 30%. Apesar de o patrimônio do banco ter crescido 27,8% para R$ 17,448 bilhões, com o aumento de capital do início do ano, o Bradesco fechou o semestre com retorno de 34,9% anualizado sobre o patrimônio líquido médio. Por esse critério o Itaú ainda está ligeiramente na frente, com 35,6%. Os investidores aprovaram as contas. As ações preferenciais do Bradesco subiram 2,84% para R$ 88,50, ontem, em um dia em que o índice Bovespa subiu 0,73%. Os resultados até agora obtidos animam o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, com o restante do ano (ver matéria nesta página). Cypriano destacou a grande expansão do crédito para pessoa física, que saltou 50,6%, de R$ 17,8 bilhões em junho de 2004 para R$ 26,8 bilhões em junho passado. No mesmo espaço de tempo, as operações com pequenas e médias empresas cresceram 23,3%, de R$ 16,3 bilhões para R$ 20,1 bilhões. Mas, os empréstimos às grandes empresas caíram 5,8%, de R$ 24,3 bilhões para R$ 22,9 bilhões, por causa da queda do dólar e da tendência das companhias buscarem recursos no mercado de capitais. A carteira total, excluindo fianças e avais, cresceu 19,49%, de R$ 58,4 bilhões em junho de 2004 para R$ 69,787 bilhões em junho passado. O banco tem bala para mais: o índice da Basiléia de 15,8% comporta aumento de R$ 65 bilhões do crédito. As receitas de crédito cresceram 6,35% para R$ 7,2 bilhões e essas operações representaram 34% do lucro líquido do semestre (37% em 2004), à frente dos negócios com seguros (30%), serviços (25%) e com títulos (11%). Cypriano notou que o aumento da demanda de recursos pelas pessoas físicas foi crescente ao longo do semestre e confirmou o acerto da estratégia do banco de fazer parcerias com empresas de varejo e bancos pequenos. A carteira de crédito para pessoas físicas, que representava 30,5% do total em junho de 2004 agora tem uma fatia de 38,5%. Entre março de junho, o crédito pessoal cresceu 25,8%, de R$ 4,971 bilhões para R$ 6,253 bilhões. A carteira própria passou de R$ 2,677 bilhões para R$ 2,885 bilhões e o crédito consignado também próprio, de R$ 508 milhões para R$ 557 milhões. Já a carteira de INSS adquirida de outros bancos dobrou, de R$ 615 milhões para R$ 1,326 bilhão. A parceria com a Casas Bahia decolou, saindo de apenas R$ 44 milhões em março para R$ 707 milhões. Neste ano, o banco prosseguiu na estratégia, fazendo parcerias com as redes de lojas Colombo, Comper e Leader. Apesar do forte aumento das operações de crédito, a boa qualidade da carteira dispensou maiores reforços nas provisões. As despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) cresceram R$ 11,3%, de R$ 1,075 bilhão para R$ 1,197 bilhão. O saldo total de PDD cresceu 5,6%, de R$ 4,213 bilhões para R$ 4,45 bilhões; e as provisões excedentes aumentaram 4,5% para R$ 946 milhões. Segundo o vice-presidente José Luiz Acar Pedro, os créditos classificados de AA a C aumentaram de 91,4% para 92,6% do total. Cypriano observou que a receita de serviços continua crescendo (26,99%), de R$ 2,694 bilhões para R$ 3,421 bilhões, com o aumento da clientela. O número de contas correntes cresceu 1 milhão para 16,4 milhões; e o de poupança também, para 32,4 milhões. Salto maior foi de segurados, de 9,8 milhões para 12,3 milhões. Cypriano confirmou que manterá a política de "aquisições de modo criterioso para crescer e ganhar escala". O banco destacou ainda o ganho de eficiência, com o índice de 48,1%, obtido graças à contenção das despesas de pessoal, que aumentaram apenas 2,3%, e da estabilidade das despesas administrativas.