Título: Lula promete empenho pela pauta de votações
Autor: Jaqueline Paiva
Fonte: Valor Econômico, 10/08/2005, Especial, p. A12

Numa conversa para consolidar o apoio do PMDB ao governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu ontem com os novos ministros do partido, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) e o senador José Sarney (AP). Mas a discussão principal foi a crise e o alvo, o ex-ministro José Dirceu. Lula prometeu se reunir com as bancadas partidárias, inclusive as da oposição, numa tentativa de neutralizar as críticas segundo as quais o presidente não trabalha para aprovar projetos no Congresso. A avaliação dos presentes foi que ele afrontou o partido e o governo na última reunião do Diretório Nacional do PT, quando teria articulado a derrota da tese do atual presidente da legenda, Tarso Genro, de impedir a candidatura de deputados envolvidos no escândalo do mensalão que renunciassem ao mandato para escapar da cassação. Para os presentes, José Dirceu ainda trabalha para manter o controle sobre o partido, dificultando a transição de fato para a nova direção. Alguns dos presentes voltaram a defender a renúncia do ministro, que abreviaria a crise e poderia garantir a volta do diálogo com a oposição. O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, também foi considerado inábil ao não ter enviado de uma só vez ao Conselho de Ética todas as representações com pedidos de cassação de deputados, dando mais tempo para o próprio Dirceu e o líder do PL, Sandro Mabel, para se articular no Congresso. Cavalcanti reverteu a decisão no fim da tarde de ontem. Para o PMDB, a decisão inicial do presidente da Câmara teria exposto ainda mais a imagem negativa da instituição. Para tentar rearticular a base de apoio ao governo, ficou definido que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, farão reuniões com as bancadas na Câmara e no Senado para explicar os bons números da economia. Os encontros serão uma tentativa de reaglutinar os deputados em torno de temas, já que encontros formais entre coordenadores do governo com os líderes não acontecem no momento, porque a maioria deles está envolvida em suspeitas de participação no escândalo do mensalão. O ministro e o presidente do BC fizeram a mesma exposição a 22 empresários na sexta-feira, no Palácio do Planalto, durante reunião com Lula. O presidente pediu ainda aos ministros ajuda junto às bancadas do PMDB na Câmara e no Senado para a aprovação do projeto que cria o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica - Fundeb, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a Lei Geral das Micro, Pequenas e Médias Empresas e as reformas política e tributária. O governo quer começar com votações que exijam maioria simples, para só depois, se conseguir remontar a base de apoio, tentar decisões que exijam quórum mais alto, como as reformas constitucionais. O primeiro teste da força política dos novos ministros do PMDB será hoje quando a bancada na Câmara escolhe o novo líder. O candidato da ala governista é Wilson Santiago (PB). Amanhã, governadores do partido se reúnem para discutir a realização de uma prévia para a escolha do candidato do PMDB a presidente, em 2006. (Colaborou Thiago Vitale Jayme)