Título: Deflação volta a crescer no atacado
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 11/08/2005, Brasil, p. A3

Conjuntura Prévias de IGP-M e Fipe confirmam que agosto iniciou com nova desaceleração nos preços

Mais dois índices de inflação divulgados ontem confirmaram a trajetória de desaceleração de preços do início de agosto. A inflação medida pelo Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) registrou taxa negativa de 0,36% na primeira medição de agosto. Essa queda foi ainda mais intensa do que na primeira prévia de julho, quando o índice apurou deflação de 0,09%. Já o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostrou recuo para 0,19% na primeira apuração de agosto após encerrar julho com alta de 0,30%. Se a queda nos preços mantiver fôlego ao longo do mês, os IGPs poderão ter um ciclo de quatro meses seguidos de deflações, superior ao último ciclo de taxas negativas influenciadas pela variação cambial, em 2003.

A desaceleração no IGP-M - índice pesquisado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) - foi generalizada. Os preços no atacado registraram variação de menos 0,48%, ante menos 0,23% em julho. O movimento mais intenso de recuo de preços ficou com as matérias-primas brutas, que passaram de menos 0,17% para menos 0,77%, com destaque para produtos como soja (4,29% para queda de 0,25%) e bovinos (0,41% para menos 1,23%). Os insumos industriais também mostraram recuo de preços influenciados pelo comportamento dos suprimentos, que passaram de menos 0,02% para menos 1,09%. Já os produtos acabados tiveram sua taxa reduzida pelo recuo nos preços dos alimentos processados.

Na primeira medição de agosto a deflação também chegou ao consumidor. A inflação no varejo passou de 0,02% para menos 0,16%, com a queda nos preços do vestuário, com as promoções de roupas de inverno, e com o recuo nos preços de serviços para residência. Os custos na construção civil recuaram de 0,58% na primeira prévia de julho para menos 0,05% na primeira medição de agosto, com a ausência de dissídios. A taxa de variação do custo da mão-de-obra no setor baixou de 1,07%, em julho, para 0,00%, em agosto. O município de São Paulo registrou inflação de 0,19% na primeira quadrissemana de agosto - período de 30 dias terminado no último dia 7 - segundo dados da Fipe. Nos últimos 30 dias, a maior alta ficou com o grupo saúde, de 1,50%. Já o grupo alimentação registrou deflação de 0,87%. Os demais itens apresentaram as seguintes variações positivas: habitação (0,06%); transportes (0,69%); despesas pessoais (0,98%); vestuário (0,64%); e educação (0,05%). Segundo previsões do coordenador da pesquisa de preços da Fipe, Paulo Picchetti, São Paulo deve encerrar agosto com inflação próxima de 0,40%. O índice será pressionado principalmente pelos reajustes de preços do telefone fixo e dos planos de saúde, avaliou.