Título: Lula diz que vergonha nacional foi o apag
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 11/08/2005, Política, p. A6

Com a artilharia virada para a gestão anterior e sem fazer nenhuma referência direta à crise política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a administração do setor elétrico realizada pelo governo Fernando Henrique Cardoso. Levantando a economia como bandeira do governo, exaltou o crescimento econômico, sustentou que o país não sofrerá retrocesso e disse que um presidente deve ir atrás de investimentos e ser dono de suas ações. "Não pode ficar dependendo de saber se os outros vão gostar ou não, se vão permitir ou não vão permitir, se é possível arrumar dinheiro ou não. Essas coisas a gente não vacila, a gente vai atrás. " Mesmo vivendo um dos piores momentos do governo, Lula aconselhou: "Se acreditarmos em nós mesmos, se definirmos na nossa consciência e na nossa alma que somos imbatíveis quando nós queremos fazer as coisas, quem é que pode nos derrotar? " Cumprindo a promessa de viajar pelo país para inaugurar obras e discursar para o povo, Lula esteve ontem em quatro municípios de Tocantins e visitou as obras da usina Hidrelétrica de Peixe, inaugurou quilômetros de rodovias e hospital. Discursou três vezes, mas em nenhum dos pronunciamentos falou sobre corrupção. Tampouco exaltou-se nas palavras. Lula lapidou o discurso para mostrar-se como realizador e preocupado com áreas fundamentais: saúde, educação e infra-estrutura. A uma platéia com empresários brasileiros e portugueses, durante a visita à usina de Peixes, disse que o país nunca mais vai "sofrer a história do 'apagão'" e classificou o problema enfrentado durante o governo FHC como uma "vergonha nacional". "Nunca mais no país haverá apagão, porque o apagão é a negação do discurso desenvolvimentista que alguns fazem". Em dois momentos, Lula comparou resultados da geração de empregos com a gestão tucana. Ao avistar um senhor com uma faixa com os dizeres "Presidente, eu sou pai de família e eu preciso de um emprego", disse que a "questão do emprego o emociona" e pediu para a população prestasse atenção: "Nos 31 meses de governo a média não foi de oito, foi de 104 mil novos empregos a cada mês, neste país, perfazendo (...) 3 milhões e 135 mil empregos, contra 790 mil em oito anos do governo anterior." Comparou também os resultados da produção agrícola. De forma enfática, proferiu: "Este país não negará a si mesmo essa oportunidade, não dará um passo atrás. Vai continuar crescendo, gerando empregos e riqueza". Em um dos discursos, ressaltou que não fará promessas que não pode cumprir. "Não posso fazer promessa. Sou daqueles que preferem perder um voto a perder a vergonha". Durante a cerimônia de inauguração do Hospital Geral de Palmas Dr. Francisco Ayres, o presidente quis aconselhar os brasileiros a vencerem a preguiça e andar meia hora por dia. "O que não pode é ficar escrachado no sofá o dia inteiro, tendo que tomar remédio para dormir e remédio para se levantar. Aproveitem o dinheiro com que vocês vão comprar remédio, façam ginástica e depois vocês podem ir tomar uma cervejinha, um vinhozinho, comer uma pizza, podem fazer qualquer coisa." E completou: "Ao invés de precisar entrar numa farmácia, vão visitar um parente a pé que vocês ganham mais."(Com agências noticiosas)