Título: Alimentos e transportes empurram IPC para 0,53%
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 28/10/2004, Brasil, p. A5

Pressionada pelo aumento nos preços de alimentos e transportes, a inflação em São Paulo subiu de 0,38% para 0,53% na terceira quadrissemana de outubro. O resultado superou a expectativa dos analistas de mercado e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), responsável pela coleta de preços, que esperava um índice ao redor de 0,44%. Após chegar a uma deflação de 0,57% no fechamento de setembro, o grupo dos alimentos acelerou e subiu 0,21% nesta última medição. De acordo com Paulo Picchetti, coordenador da pesquisa de preços da Fipe, o movimento ocorre pela grande volatilidade de alguns produtos in natura, especialmente as frutas.

No entanto, o economista ainda não sabe precisar o porquê dessa alta inesperada. Ele lembra apesar de alguns aumentos, há alimentos em queda significativa, como cebola, batata e tomate. Outro ponto de pressão foi o grupo dos transportes, que passou de uma variação de 0,64% na segunda quadrissemana para 0,93%. O reajuste da gasolina, entretanto, ainda não é o maior responsável pela elevação, pois contribuiu com apenas 0,01 ponto percentual no índice total. O impacto mais forte, de 0,05 ponto percentual ficou por conta dos automóveis usados, que ficaram 2,37% mais caros. Mas o coordenador da Fipe afirma que irá mudar suas previsões para o impacto do aumento dos combustíveis sobre a inflação. Isso porque seus cálculos anteriores levavam em conta uma alta de 1,6% para os consumidores. O que se vê, na verdade, são postos que ainda não aumentam seus preços, pois têm estoques antigos, ao mesmo tempo em que alguns estabelecimentos já elevaram os preços em até 13%. Picchetti ainda irá espera mais uma semana para mudar sua projeção sobre os combustíveis. De acordo com cálculos anteriores, o impacto em outubro e novembro seria de 0,04 ponto percentual e mais 0,01 em dezembro, num total de 0,09. Os preços dos produtos industrializados seguem comportados. A cesta calculada pela Fipe ficou em 0,57%, frente 0,56% da medição anterior. Já o núcleo do índice geral passou de 0,31% para 0,34%, enquanto o indicador de difusão foi de 64% para 68%. "Eles ainda sobem, mas num ritmo mais lento", explica Picchetti. Os demais grupos pesquisados tiveram os seguintes resultados: despesas pessoais (0,22%), saúde (0,44%), vestuário (0,91%) e educação (0,06%) e habitação (0,68%).