Título: Pão de Açúcar tem plano para enxugar despesas
Autor: Claudia Facchini
Fonte: Valor Econômico, 11/08/2005, Empresas &, p. B6

O Pão de Açúcar preparou um austero plano de redução de despesas, que deve ser colocado em prática nos próximos meses. " Agora que não estamos mais fazendo aquisições, vamos levar as despesas para um patamar que vocês vão gostar muito " , disse ontem Abilio Diniz, presidente do conselho da varejista, em uma teleconferência com analistas. O programa de cortes, anunciou o empresário, será apresentado na assembléia do conselho de administração da companhia, na semana que vem.

Com a declaração, Diniz afastou também a possibilidade de que a empresa venha participar de uma rodada de compras com a gigante Wal-Mart. A multinacional americana, segundo fontes do setor, está em negociações com o grupo português Sonae para a aquisição dos ativos da rede na região Sul.

A notícia sobre a falta de interesse do Pão de Açúcar em novas aquisições também agrada os investidores, sinalizando que a empresa continuará no caminho de redução do nível de endividamento. Alguns analistas criticam os gastos da companhia, considerada inchada se comparada a outras redes do setor no mundo.

A contenção dos gastos faz parte de um programa maior que está sendo implementado pelo Pão de Açúcar e que Diniz batizou de " dinâmica comercial " . Entre as medidas adotadas está o aprofundamento na gestão de categorias, que começou a fazer efeito.

Os analistas elogiaram as margens apresentadas pela varejista no primeiro semestre. A margem bruta da companhia cresceu de 29,6% no segundo trimestre de 2004 para 30,5% neste ano. Apesar do fraco desempenho das vendas, o lucro líquido do grupo cresceu 10,2%, atingindo R$ 64,2 milhões entre abril e junho. Em todo o semestre, o lucro do grupo foi de R$ 121,9 milhões, 41,5% maior.

Segundo Diniz, o processo de venda das ações da família - que fez parte do acordo firmado com o sócio francês Casino - está quase concluído. Valentim dos Santos Diniz, pai de Abilio, e Lucilia Diniz, irmã do empresário, já venderam 5,5 bilhões de ações preferenciais para investidores privados. Ainda resta 1,5 bilhão de ações em mãos da família. Ontem, as ações preferenciais da companhia fecharam a R$ 56 o lote de mil.

As perspectivas para 2005, no entanto, já não são mais tão otimistas. A empresa espera inicialmente um crescimento nas vendas entre 2% e 3% em termos reais, mas agora prevê algo próximo de 0%.