Título: Transpetro quer o primeiro novo petroleiro em 2006
Autor: Paulo Henrique de Sousa
Fonte: Valor Econômico, 11/08/2005, Empresas &, p. B10

O presidente da Transpetro, braço de transporte de combustíveis da Petrobras, Sérgio Machado, disse ontem que espera enviar nos próximos dias os convites para que os consórcios pré-qualificados apresentem suas propostas para a construção de 22 navios petroleiros, que fazem parte da primeira fase do programa de aumento da frota da empresa - na segunda, serão construídos mais 20 navios. Ele não deu detalhes sobre as especificações dos navios, nem sobre como serão formados os lotes que os consórcios disputarão. Machado não falou de um cronograma fechado, mas disse esperar para setembro ou outubro a definição das empresas vencedoras. Ele também comentou que o primeiro navio deverá estar pronto já em 2006. "Quero ver o primeiro navio flutuando em 2006." O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton de Mello, anunciou que a indústria de equipamentos para a área naval investirá US$ 2 bilhões nos próximos cinco anos. Ambos participaram ontem do Encontro de Mobilização da Indústria de Navipeças. A comissão de licitação da Transpetro pré-qualificou quatro consórcios: Camargo Corrêa/Andrade Gutierrez (PE), Rio Naval (RJ), Rio Grande (RS) e Estaleiro Rio Grande (RS). Outros três competidores foram acrescentados por "ato de gestão" da Transpetro: consórcio Keppel Fels/Brasfels (RJ) e as empresas Mauá Jurong e Eisa Montagens, ambas do Rio. Segundo Machado, os três consórcios não haviam sido pré-qualificados pela comissão porque não preenchiam os requisitos de capacidade financeira. Ele justificou, porém, que eles têm capacidade técnica e terão que apresentar garantias para que suas propostas sejam apreciadas na próxima fase da licitação. O presidente da Transpetro também comentou a possibilidade de a indústria naval brasileira construir navios para a estatal vanezuelana de petróleo PDVSA. Nesta semana haverá reuniões de representantes dos dois países. Segundo ele, não está definido quantos navios a PDVSA pretende comprar, mas "fala-se em cerca de 40". No discurso durante o evento na Abimaq, Machado conclamou os empresários a "fazer o dever de casa" em busca de competitividade. Para ele, só isso permitirá a retomada da indústria naval brasileira, que já foi uma das maiores do mundo - o último pedido de navio de grande porte foi em 1996. O índice de nacionalização dos novos navios será o maior possível, mas isso não poderá ser levado ao extremo a ponto de encarecer o produto final. O objetivo, segundo Machado, é alcançar competitividade internacional. "Temos capacidade de chegar a 80%", disse. O superintendente da área de indústria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Gastaldoni, informou que o banco reduzirá os juros para projetos com mais de 60% de índice de nacionalização. Machado lembrou que a produtividade da indústria naval brasileira é quatro vezes menor do que a de países como Coréia e China e os estaleiros brasileiros ainda são de segunda geração, enquanto os concorrentes internacionais já estão na quarta geração. Mesmo assim, ele avalia ser possível a fabricação dos navios no Brasil a custos competitivos.