Título: Lula dirá que se sente traído em pronunciamento
Autor: Jaqueline Paiva e Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 12/08/2005, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará hoje um pronunciamento à Nação, na abertura da reunião ministerial, no qual dirá que sente traído, porque pessoas próximas a ele teriam abusado de sua confiança no uso do dinheiro das campanhas do PT. Ele dirá que acha que o partido tem que ter humildade para corrigir os seus erros. O pronunciamento será transmitido pela Radiobrás, a partir das 9h. Ontem, o Palácio do Planalto recebeu com muita apreensão o depoimento do publicitário Duda Mendonça à CPI dos Correios, em que ele confirmou ter sido pago pelo PT com dinheiro de caixa dois e em paraísos fiscais. No fim do dia, colaboradores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se esforçaram para transmitir tranqüilidade, depois que Duda confirmou ter recebido R$ 13,5 milhões registrados entre outubro a dezembro de 2002. O presidente soube do depoimento enquanto se reunia com os ministros que compõem a nova Coordenação do governo. Ele teria ficado indignado, além de ter se sentido traído, pois não tinha conhecimento sobre como se davam os pagamentos de campanhas do PT. Pessoas próximas a Lula sustentam que este recurso legal foi usado para quitar o custo da campanha presidencial de 2002. O valor usado por meio das empresas de Marcos Valério teria quitado outras campanhas do partido. O temor era de que as irregularidades fiscais admitidas por Duda Mendonça poderiam aproximar a crise ainda mais do presidente. Hoje, o presidente Lula tentará recomeçar a azeitar a máquina de seu governo para o último ano antes das eleições de 2006. A partir das 9h, a Granja do Torto será palco da primeira reunião ministerial pós-reforma, feita para consolidar a base aliada no Congresso. O Palácio do Planalto pediu a cada participante do encontro para levar uma ou duas de suas prioridades para serem debatidas entre todos integrantes do primeiro escalão do governo. A exposição a ser feita pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, tentará mostrar aos demais ministros que a crise política ainda não afetou a economia e o país deverá manter os bons indicativos econômicos nos próximos meses. Além de Palocci, todos os ministros farão uma exposição da situação de sua pasta.