Título: Para Tarso, declarações são graves, mas faltam provas
Autor: Sergio Leo e Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 12/08/2005, Política, p. A7

O presidente do PT, Tarso Genro, reconhece as declarações do publicitário Duda Mendonça como "muito graves", porque mostram uma articulação internacional "totalmente irregular" e defende investigações profundas. Apesar disso, nega que existam provas concretas que vinculem os recursos citados por Duda à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tarso afirmou que o PT vai defender o mandato de Lula e que não há "nenhuma legitimação moral ou jurídica" para justificar um pedido de impeachment. Reunido ontem com representantes de movimento sociais, na sede do partido, em São Paulo, Tarso disse que as lideranças populares também garantirão a defesa do mandato presidencial. Ontem pela manhã, Tarso Genro reuniu-se com o presidente Lula em Brasília e levou o pedido de convocação do Conselho da República feito pela Ordem dos Advogados do Brasil. Segundo Tarso, a reunião com o Conselho seria importante para se discutir uma mini-reforma política que "resolvesse as questões que estão ocorrendo na cena pública, não só no PT". Pediu também um pronunciamento, que deve ser feito hoje pelo presidente. O pedido foi feito também por outros dirigentes, como o secretário geral do partido, Ricardo Berzoini, para que Lula possa transmitir tranqüilidade ao país e possa esclarecer "os fatos que dos quais tem conhecimento". Segundo Berzoini, os petistas citados nas denúncias serão chamados pelo conselho de ética do partido. Dirigentes petistas tentam ao máximo resumir a responsabilidade a poucos membros, como ao ex-tesoureiro Delúbio Soares. "Existia uma organização paralela, secreta, à revelia das instâncias partidárias", justifica Joaquim Soriano, secretário de formação política. "O PT não é vítima. Mas existiam pessoas que tomavam decisões sem dar contas a mais ninguém", disse Valter Pomar, terceiro vice presidente. "Lula não é Collor e o PT não é o PRN", defendeu Pomar. E também não deixaram de lado a tese de que por trás da crise está o "sentimento da direita de tirar o PT do poder". "O Brasil precisa ter responsabilidade para assegurar o crescimento econômico e o desenvolvimento social. Isso não vai ser interrompido por aventuras golpistas", discursou Berzoini. Já o secretário sindical, João Felício, resumiu o sentimento de militantes, no final da reunião: "Lula não caiu nem vai cair. Mas o mundo caiu".