Título: Para Ermírio, faltou maturidade ao governo
Autor: Caio Junqueira e Marta Watanabe
Fonte: Valor Econômico, 12/08/2005, Política, p. A14

O empresário Antônio Ermírio de Moraes sugeriu ontem que a crise política por que passa o país ocorreu por falta de maturidade dos integrantes do governo federal e que espera que o modelo de gestão adotado pelo ex-governador Mário Covas (PSDB) - ao qual foi dado seqüência por Geraldo Alckmin (PSDB) - se repita várias vezes na gestão pública brasileira. "Sinto saudades desse período Mário Covas/Geraldo Alckmin e espero que se repita várias vezes em nosso governo gente correta, dinâmica e séria administrando o Estado de São Paulo. Mário Covas e Geraldo Alckmin marcam uma época que, espero, possa se repetir cada vez mais e peço a Deus que nos ilumine porque o momento não é muito satisfatório do ponto de vista político. O Brasil vai bem obrigado. (Mas) politicamente nós estamos sofrendo, talvez pela falta de maturidade daqueles que estão governando, e isso naturalmente vem com o tempo. Mas, infelizmente, nossa vida é curta e nós temos que realizar no curto espaço de tempo o que precisamos." Ermírio, que participou de um seminário sobre gestão pública promovido pela Fundação Mário Covas, disse ainda que, em 56 anos de trabalho, nunca tinha visto uma situação de grave crise política como a que o país passa atualmente, e criticou o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O PT sempre achou que era o único partido honesto no Brasil e agora estão mostrando que o negócio é uma grande bagunça." Apesar disso, afirmou que não quer nem acredita na hipótese de impeachment. O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), abriu o seminário e deu continuidade aos ataques que tem feito ao governo federal. "Quando nós vemos hoje as ofensas permanentes à ética e você vê a inoperância sendo substituída por discursos patéticos e uma retórica oca, é muito bom lembrar o que foi feito em São Paulo com Mário Covas", disse. Ele também criticou o desencontro de informações do PT em relação ao registro, na prestação de contas do partido em 2003, de uma dívida de R$ 29 mil de Lula. "Acho que as investigações devem continuar. O que há de estranho é você ter para o mesmo fato quatro versões diferentes e nenhuma bate uma com a outra. Já está na quarta versão. Há que se explicar. A investigação deve ser feita com profundidade."