Título: Quem deixar de investir perderá mercado, alerta Furlan
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2005, Brasil, p. A3

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, fez ontem um apelo para que os empresários não se deixem contaminar pela crise política. Na sua avaliação, os fundamentos da economia são sólidos e o comportamento do mercado financeiro demonstra a confiança dos investidores externos no país. O ministro alertou que as empresas que deixarem de investir por conta da crise perderão mercado para a concorrência. "Todo mundo sabe que o Brasil não vai acabar, vai sair melhor desse aperto. Recomendo aos empresários que olhem os números da sua empresa, da sua região, do seu setor e do país. São muito positivos e consistentes. Quem não acompanhar o crescimento da economia vai perder espaço para os concorrentes", afirmou o ministro, em entrevista durante o III São Paulo Exportação, encontro da área de comércio exterior organizado pelo governo do Estado. Furlan também participou de um almoço na Federação do Comércio de São Paulo com cerca de 50 empresários e deixou a mesma mensagem. O ministro disse estar preocupado com o "bombardeio" de notícias que afetam o ânimo das empresas, mas ressaltou que os investidores externos estão tranqüilos com a economia brasileira. "De uma forma ou de outra, vamos encontrar os caminhos democráticos para essa transição. A situação geral do país é muito sólida", afirmou. "A serenidade demonstrada pelos mercados financeiros é reflexo da solidez dos princípios da economia", completou. Apesar de ressaltar que as empresas estão apresentando lucros "extraordinários" nos balanços semestrais, Furlan admitiu que há um impacto "emocional" da crise. Disse que não fazia uma crítica à imprensa, mas que as notícias sobre a crise deixam alguns segmentos apreensivos na hora de investir. Segundo o ministro, o setor de bens de consumo voltado para o mercado interno é um deles, pois é natural que o consumidor, com medo de perder o emprego, controle os gastos por causa da "nebulosidade" gerada pela crise. Furlan também teme que a valorização do câmbio leve algumas empresas a rever investimentos, porque os orçamentos ficaram mais caros em dólares. "Não se pode olhar a taxa de retorno do investimento com a fotografia instantânea do dólar", disse. Para o ministro, a oscilação do dólar em torno de R$ 2,3 mostra como os mercados estão "confortáveis" em relação à economia brasileira. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, descartou que a crise política esteja contaminando a agricultura. Segundo ele, o setor já vive uma crise econômica desde o final de 2004, por conta do aumento dos custos de produção, da queda dos preços agrícolas, da valorização do câmbio e do maior endividamento dos agricultores. "A crise política não afeta a crise econômica do setor, que é anterior", disse Rodrigues, que também participou do evento São Paulo Exportação.