Título: Até junho, ritmo de consumo de energia cai na indústria
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2005, Brasil, p. A5

Conjuntura Setores residencial e comercial superam crescimento de 2004

O crescimento no consumo de energia pela indústria brasileira no primeiro semestre foi de 5%, abaixo dos 5,6% verificados em igual período de 2004, e também menor que as demais classes de consumo. O resultado foi divulgado pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, na estréia das pesquisas da EPE, criada pela lei que desenhou o novo modelo do setor elétrico. Na avaliação de Tolmasquim, a perda de fôlego da indústria é explicada pela diferença de comportamento do mercado de energia este ano em relação ao ano passado. "O crescimento da produção industrial no primeiro semestre foi menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. No terceiro trimestre de 2004, a indústria acelerou, dando uma puxada. Por isso, o resultado mostra uma queda agora", explicou. Somando-se todas as classes de consumo, incluindo os consumidores livres, o consumo brasileiro de energia elétrica aumentou 5,4% entre janeiro e junho, ficando acima dos 3,3% do mesmo período do ano passado. Considerando-se apenas o mês de junho, o crescimento foi de 6,4%, mas a expectativa de Tolmasquim é de redução do ritmo no segundo semestre. O freio no crescimento da indústria não foi acompanhado pelas outras classes de consumo. O consumo de energia pelo setor residencial cresceu 5,1% no primeiro semestre, contra crescimento de apenas 1,9% no mesmo período do ano passado. Segundo Tolmasquim, esse resultado foi impulsionado em parte pelo aumento da massa salarial e do crédito, que aumentou as compras de eletrodomésticos; e também pelo aumento da temperatura média. Já o consumo do setor comercial cresceu 8% no acumulado de janeiro a junho, ante os 3,4% do mesmo período de 2004. "Também nesse caso, o resultado foi causado pela ampliação da rede de varejo e o efeito temperatura", ressaltou. O segmento "outros", que embute o consumo rural, também apresentou forte retomada, crescendo 7,7% até junho, ante queda de 1% no primeiro semestre de 2004. A EPE projeta crescimento de 4,8% do consumo em 2005, pouco acima do verificado no ano passado, quando o consumo cresceu 4,6% de janeiro a dezembro. Se confirmada a previsão para este ano, o mercado de energia terá crescido menos que a média do primeiro semestre. Mas isso é explicado pela diferença de comportamento do mercado de energia no ano passado: no primeiro semestre desse ano, a produção foi maior do que no mesmo período do ano passado, enquanto no terceiro trimestre deste ano a indústria não deve repetir o crescimento acelerado da produção verificado no mesmo período de 2004. Tolmasquim adiantou que poderá mudar a projeção da EPE para o crescimento do PIB, atualmente de 3%, já que, segundo, ele tudo indica que o PIB crescerá mais. Os dados da carga divulgados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que o consumo no sistema interligado cresceu apenas 2,3% em julho, comparado ao mesmo mês do ano passado. Apesar de serem diferentes - o ONS trabalha com o conceito de carga transmitida no sistema e não contabiliza dados do Norte isolado, que integra a medição da EPE - os dados são convergentes. Por isso, Tolmasquim disse esperar retração nos dados de julho, ainda não informados à EPE, que utiliza dados de faturamento fornecidos pelas distribuidoras.