Título: Referendo das armas terá campanha austera
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2005, Política, p. A6

A pouco mais de dois meses para o referendo popular sobre o comércio de armas e munição, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), planeja uma campanha austera para mobilizar 120 milhões de eleitores. Frente à crise de credibilidade enfrentada pelo governo, a ordem é poucos gastos, " de acordo com a realidade". Para ser uma espécie de exemplo para as propagandas partidárias e seguir os moldes do item de financiamento de campanha da proposta de reforma política, em pauta no Congresso, a divulgação das frentes deve ser sem superproduções no rádio e na televisão e sem showmícios. Também não deverá ter distribuição de brindes. A palavra de ordem de Renan é "fazer de tudo para baratear os custos de uma campanha". No entendimento do pemedebista, parte dos problemas enfrentados pelo governo é decorrente do sistema político, com regras incorretas para o financiamento de campanha. "Vamos visitar todos os Estados, multiplicar a presença, há engajamento de todos os estados da federação com relação ao desarmamento", disse ontem, depois do lançamento da Frente Parlamentar pelo Desarmamento na Assembléia Legislativa de São Paulo. A campanha contra o desarmamento começou no dia 01 de agosto e o presidente do Senado deve repetir o gesto em outros Estados. "Vai acontecer uma mobilização pela imprensa", acredita Renan. "A campanha não é do governo, é da sociedade. Isso significa apenas um primeiro passo." Marcado para o dia 23 de outubro, o referendo é obrigatório. Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha em 21 de julho, 80% da população defende a proibição da venda de armas e munição. As frentes "Brasil sem armas" e "Pelo direito à legítima defesa" terão 20 dias para apresentar seus argumentos no rádio e na televisão, a partir do dia 01 de outubro, quando começa o horário eleitoral gratuito. Serão dois blocos diários, de dez minutos, além das inserções. Ao lado das entidades "Sou da Paz", " Instituto de Políticas Públicas de Santo André" e "São Paulo contra a violência", Renan defendeu a proibição como forma de diminuir a criminalidade. Já a "Frente pelo Direito à legitima defesa" defende que "acabar com a venda de armas não é acabar com o crime" e a "cultura da impunidade faz com que o ambiente para prática do crime seja favorável."