Título: Cypriano descarta impeachment
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2005, Política, p. A7

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e do Bradesco, Márcio Cypriano, descartou ontem a possibilidade de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por conta dos desdobramentos da crise política. "Não tenho o mínimo receio", afirmou. Na sua avaliação, a crise política não contaminará a economia, porque os fundamentos econômicos são "excelentes". "O Brasil está muito bem. A economia vai contaminar positivamente a parte política", ressaltou Cypriano, que participou ontem, em São Paulo, de almoço organizado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ainda não é hora para discutir o impeachment. "Não sou favorável a isso nesse momento porque pode tirar o foco das investigações. É preciso muita cautela em função do interesse público." O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), partilha de opinião semelhante. "Não é momento de falar em impeachment. Não vejo clima para isso", diz ele. Para Rigotto, porém, a crise política tem enfraquecido e paralisado o governo federal. A votação do salário mínimo seria um reflexo disso. "O governo não pode ficar parada, tem que agir, tem que ter quem opere as questões de governo." Os dois governadores também têm opinião semelhante em relação ao pronunciamento do presidente Lula na sexta-feira. "O presidente perdeu uma boa oportunidade de fazer um esclarecimento à opinião pública", disse Alckmin. "O discurso foi muito fraco frente ao momento que estamos vivendo", concordou Rigotto. Alckmin ainda criticou o fato de Lula ter preferido fazer um pronunciamento em vez de se submeter a entrevistas de jornalistas. "Nós ocupamos cargos públicos, recebemos perguntas dos jornalistas e procuramos responder da melhor forma possível. Com o presidente Lula não é assim. Apenas ele fala, ele não precisa responder a perguntas de jornalistas", disse Alckmin. Rigotto também voltou a defender a eleição, em 2006 de um Congresso especializado para votar a revisão do texto constitucional.