Título: CNBB rejeita desestabilização de Lula
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2005, Política, p. A7

Há um consenso entre os bispos da Igreja Católica no Brasil sobre a falta de conveniência de um eventual pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa posição foi defendida ontem, em entrevista coletiva, pelos três bispos escalados para falar em nome da 43ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que termina amanhã em Itaici, no município de Indaiatuba (SP). "Há possibilidade sim de impeachment, mas não há probabilidade. Há um consenso entre os bispos de que não é o caso" , resumiu dom Luiz Demétrio Valentini, bispo de Jales (SP), autor da proposta da declaração sobre a crise atual, que defende a apuração dos fatos pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pelas CPIs. D. Luiz defendeu ainda que as " forças sociais " devam se articular melhor. " Vivemos em uma confusão generalizada. A falta de articulação é um desafio que o país tem de superar. O povo não pode apenas delegar a responsabilidade ao eleitos. O povo precisa atuar mais e participar mais de conselhos " , disse. Dom Aldo Di Cillo Pagotto, arcebispo de João Pessoa (PB), acredita que a desestabilização de Lula seria um " desastre social " para o país, mas criticou a forma como o presidente enfrenta a crise. "Quem está conduzindo todo esse processo está empurrando com a barriga", disse. D. Aldo defendeu ainda que o presidente Lula convoque o Conselho da República nos próximos dias para discutir uma forma de " dar mais transparência " à população sobre o que está acontecendo com o país. Criado em junho de 1990, o Conselho da República é um órgão superior de consulta para servir de auxílio ao presidente nos casos de estado de sítio, estado de defesa, intervenção federal ou em questões relevantes para a estabilidade das instituições. O terceiro bispo a falar em nome da CNBB, dom Itamar Vian, arcebispo de Feira de Santana (BA), lembrou que Lula foi o primeiro presidente a visitar uma Assembléia da CNBB, logo depois da posse, em 2003, e também o primeiro a enviar uma carta aos bispos, mostrando na semana passada sua preocupação com a crise. Segundo ele, Lula merece confiança: "O presidente procura agir com sinceridade, com autenticidade. Devemos continuar acreditando nessa pessoal em vez de buscar outros caminhos". (Com agências noticiosas)