Título: Lucro líquido dos bancos cresce 50,8% no primeiro semestre
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2005, Finanças, p. C1

Balanços Expansão do crédito para pessoas físicas e pequenas empresas puxa os resultados

Os bancos tiveram no primeiro semestre o melhor resultado dos últimos cinco anos. "Não me lembro de um semestre tão bom para os bancos", disse o presidente da consultoria Austin Ratings, Erivelto Rodrigues, que atribuiu os bons resultados à combinação do crescimento do crédito nos segmentos de maior retorno, pessoa física e pequenas empresas, ao ganho com títulos propiciado pelos juros elevados e ao aumento da receita de serviços. A perspectiva é que os resultados continuarão bons neste segundo semestre uma vez que os fatores que inflaram os números no início do ano continuarão dando a tônica dos negócios. O lucro médio dos treze bancos que divulgaram balanços cresceu 50,8%, passando de R$ 6,25 bilhões no primeiro semestre de 2004 para R$ 9,42 bilhões nos primeiros seis meses do ano, segundo a Austin. A amostra inclui seis dos maiores do varejo: Bradesco, Itaú, Unibanco e Santander, além de Banco do Brasil (BB) e HSBC Bank Brasil, que divulgaram, ontem, o balanço do primeiro semestre com lucro de R$ 1,978 bilhão e R$ 331,364 milhões, respectivamente. A rentabilidade média no primeiro semestre dos treze dos bancos ficou em 27%, segundo cálculos da Austin Ratings. No primeiro semestre de 2004, o retorno foi de 21,3%, não muito distante dos 20,9% do primeiro semestre de 2003 e dos 21,1% de igual período de 2001. O melhor resultado anterior desta década havia sido em 2002, com 23%. Um dos balanços mais expressivos foi o do Bradesco, cujo lucro líquido dobrou. Mas o Unibanco registrou ganhos 47,1% maiores; o Banco do Brasil. 39,3%; e o Itaú, 35,6%. O analista de bancos do Pactual, Pedro Guimarães, afirmou que o Bradesco deve manter o atual nível de rentabilidade porque todos os fatores que garantiram os bons números do primeiro semestre vão permanecer neste segundo semestre: juros elevados, controle das despesas administrativas e das provisões de crédito. Guimarães acrescentou ainda em avaliação enviada a clientes que o aumento das operações de crédito a segmentos mais arriscados como pessoas físicas e pequenas e médias empresas não acarretaram perdas maiores. Para o analista, as perdas levando em conta os empréstimos classificados de E a H na escala de nove pontos do Banco Central foram equivalentes a 3,2% da carteira total no segundo trimestre, inferior aos 3,3% dos dois trimestres anteriores. Nos cálculos da Austin Ratings, a inadimplência ficou sob controle. Levando em conta as operações com atraso superior a 60 dias (classificadas de D a H), os treze bancos tiveram uma inadimplência média de 2,8% em comparação com 2,6% no primeiro semestre de 2004. Ainda assim, os bancos ampliaram as despesas com provisões em 20,5% na média, exatamente porque aumentaram as operações nos segmentos considerados de maior risco de calote, embora de maior retorno - pessoas físicas e pequenas e médias empresas. Com os juros ainda elevados, os bancos ganharam também com a carteira de títulos e valores mobiliários; sem deixar de ampliar a receita de serviços, que cresceu 19,1%, de R$ 12 bilhões no primeiro semestre de 2004 para R$ 14,375 bilhões neste ano. A receita de serviços já representa 20% do resultado total dos bancos, o mesmo percentual que o floating garantia antes do Plano Real, afirmou Rodrigues. Já o crédito representou 47,4% dos resultados, em comparação com 45,8% no primeiro semestre de 2004, e os títulos, 23,5%, abaixo dos 30,2% de um ano antes. Em outra frente, os bancos estão contendo os gastos de modo significativo como resultado do ganho de escala em aquisições.