Título: Banco do Brasil lucra R$ 1,9 bi no semestre
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2005, Finanças, p. C8

Balanço Mais crédito, juro alto, aumento da receita com tarifas e corte de despesas garantem a boa performance

O Banco do Brasil lucrou R$ 1,979 bilhão no primeiro semestre de 2005, o que representa um retorno de 28,6% sobre o patrimônio líquido médio anualizado. "É um resultado magnífico", disse o presidente da instituição, Rossano Maranhão. O desempenho é explicado por uma conjunção de fatores - expansão da carteira de crédito, juro básico alto, corte de despesas operacionais e aumento das receitas com prestação de serviços. Seguindo a tendência de anos anteriores, o BB registrou nova melhora nos seus indicadores de eficiência. Mas, ao contrário do que vinha ocorrendo no passado recente, o ajuste ocorreu também pelo lado da despesa - e não apenas pelo reajuste de tarifas. O chamado índice de cobertura, a relação entre as receitas de serviços com as despesas de pessoal, subiu de 98,1% para 119,6% entre o segundo trimestre de 2004 e 2005. O forte aumento no indicador só foi possível porque as despesas de pessoal permaneceram estáveis em termos nominais - oscilaram de R$ 3,527 bilhões para R$ 3,526 bilhões entre o primeiro semestre de 2004 e o de 2005. A despesa manteve-se sob controle, apesar do reajuste salarial de 8,5% em fins de 2004, e de o número de funcionários ter subido de 81,9 mil para 86,2 mil entre junho de 2004 e 2005. É que os novos funcionários estão sendo contratados com salários menores do que aqueles que estão se aposentando. Houve também efeito importante do aumento de 15,7% nas receitas com prestação de serviços, que passaram de R$ 3,195 bilhões para R$ 3,696 bilhões, sempre entre o o primeiro semestre de 2004 e o de 2005. Há, por trás desses números, o efeito do aumento do volume de negócios. O número de contas correntes, por exemplo, cresceu 9,2%, de 20,05 milhões para 21,91 milhões; a base de cartões de crédito se expandiu 23%, de 6,1 milhões para 7,5 milhões; e a administração de recursos terceiros passou de R$ 116,9 bilhões para R$ 144,8 bilhões. Mas há, também, um efeito do aumento dos preços. Em maio de 2004, o BB adotou um novo programa de relacionamento, que ampliou o número de beneficiados com descontos nas tarifas, mas cortou os benefícios obtidos por um grupo reduzido de clientes. O efeito médio das mudanças foi elevação de preços - que fez com que a arrecadação com o pacote de serviços Plano Ouro subisse 38,41% no período, para R$ 746,8 milhões -, ou acima de quatro vezes mais do que a expansão da carteira de clientes, de 9,2%. Outro destaque no semestre foi o aumento das receitas com operações de crédito. A carteira de crédito no país cresceu 20,7%, chegando a R$ 86,967 bilhões, sempre na comparação entre o primeiro semestre de 2004 e o de 2005. A expansão da carteira fez com que se elevassem, em 8,08%, as receitas com empréstimos, que chegaram a R$ 9,252 bilhões. A carteira do BB com maior destaque é a de crédito consignado: o volume passou de R$ 1,04 bilhão para R$ 2,56 bilhões no período. Também ajudou o fato de o juro básico ter se mantido mais elevado do que o inicialmente esperado no primeiro semestre. A receita subiu 4,5%, passando de R$ 5,755 bilhões para R$ 6,015 bilhões. Rossano diz que, daqui para diante, o banco deverá contar cada vez menos com essa receita. "Esperamos a queda tanto dos juros básicos quanto dos juros do crédito, que, no nosso caso, já são mais baixos do que a média do mercado", afirmou. "A fórmula será expandir o crédito com qualidade, e focar na eficiência operacional." O volume de provisões para crédito de liquidação duvidosa (R$ 2,483 bilhões) recuou 3% em relação ao mesmo período de 2004. Na verdade, as provisões do primeiro semestre de 2004 haviam sido um pouco maiores, devido à mudança feita naquele semestre nos critérios para provisões de pessoas físicas. Apartando esse fator, as provisões cresceram cerca de 15% entre 2004 e 2005, acompanhando a expansão da carteira de crédito. O banco distribuirá R$ 628 milhões a título de juros sobre o capital próprio, dos quais R$ 452 milhões irão para o Tesouro Nacional.