Título: Salário mínimo ajuda varejo em junho
Autor: Raquel Landim, Vanessa Jurgenfeld, Heloisa Magalhã
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2005, Brasil, p. A3

As vendas do comércio varejista tiveram um bom desempenho em junho, favorecidas pela abundância de crédito e pela melhora da renda, um reflexo do reajuste do salário mínimo que ocorreu em maio. O volume de vendas do comércio aumentou 1,18% em junho ante maio na série livre de efeitos sazonais, conforme a pesquisa mensal de comércio do IBGE. Em relação a junho de 2004, o ganho foi de 5,31%. Foi a 19ª alta seguida nessa comparação, e superou o aumento de 4,64% registrado no acumulado do ano. Nos últimos 12 meses, as vendas do varejo cresceram 7,29%. A receita nominal obtida pelo varejo em junho superou em 0,85% os resultados apurados em maio, expurgados efeitos sazonais. Houve aumento de 11,35% da receita em junho, na comparação com igual mês de 2004. No semestre, a alta chegou a 11,86%. Nos últimos 12 meses, ficou em 13,72% De acordo com Reinaldo Pereira, economista da coordenação de serviços e comércio do IBGE, os resultados positivos do varejo foram, mais uma vez, influenciados pelo segmento de móveis e eletrodomésticos, que é sensível à expansão do crédito direto ao consumidor e do crédito consignado. "Já há estimativas que indicam aumento da inadimplência, mas a pesquisa ainda não demonstra isso. A fatura de crédito continua dando fôlego ao comércio", avalia Pereira. O volume de vendas de móveis e eletrodomésticos aumentou 4,29% em junho ante maio com ajuste sazonal. O último resultado negativo do segmento foi em agosto de 2003, o que significa 22 meses consecutivos de alta. Em relação a junho de 2004, a alta foi de 21,42%, superior aos 19,70% registrados no acumulado do ano. Em 12 meses, o aumento chega a 21,97%. O segmento de supermercados, hipermercados, produtos alimentícios e fumo também contribuiu para o bom desempenho do varejo. O volume de vendas cresceu 2,02% em junho ante maio com ajuste, 3,35% na comparação com junho de 2004, 3,34% no acumulado do ano e 6,41% em 12 meses. Pereira atribuiu os resultados positivos ao crescimento de 1,5% do rendimento médio das pessoas ocupadas, depois do reajuste de 15,4% do salário mínimo em maio. Também sensível à renda, o setor de tecidos, vestuário e calçados obteve uma melhora, mas não suficiente para reverter o quadro negativo Em junho, o volume de vendas do segmento caiu 5,17% ante maio, na série livre de ajustes sazonais. Em relação a junho de 2004, foi registrado aumento de 1,35%. A alta é de 1,98% no acumulado do ano e 4,04% nos últimos 12 meses. O pior desempenho do setor varejista foi registrado pelos combustíveis e lubrificantes. As vendas do segmento cresceram 1,31% em junho ante maio, mas caíram 6,17% em relação a junho de 2004. A baixa é de 6,55% no acumulado do ano e 2,11% em 12 meses. Os registros recebidos pelo Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) aumentaram 16,7% na primeira quinzena de agosto, em relação a igual período do ano passado. Os registros cancelados aumentaram 10,1% no mesmo período. De acordo com o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos, o aumento da inadimplência ocorreu por causa da maior dificuldade do consumidor em renegociar os débitos. (RL)